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Mostrando postagens de abril, 2020

falta cumprir-se Évora

Évora sempre foi pioneira em muitas coisas. Encontros de escultura, festivais jovens, feiras alternativas, encontros de tradição, festivais de rua, encontros literários, certames históricos, bianais, isto dos que me lembro, mas se analisarmos a história da cidade ao longo dos séculos, esta é uma das suas marcas identitárias. O porquê é fácil de descobrir. Ela teve sempre filhos que a amavam e amavam a cultura, fazendo dela um chamariz para outros de grande relevância nestas matérias. Mas nunca passou disso mesmo, de uma cidade pioneira, sempre deixou cair todas as suas marcas, nenhuma delas tem tempo de vida que lhe permita amadurecer   Sempre assim foi. Estar a frente foi sempre um dos seus pecados. Infelizmente não o único. É certo que contou sempre com grupos de "malucos" que sonhavam e batalhavam para levar a praça estes acontecimentos de vanguarda, mas também é certo que estes se deixaram sempre enredar em teias que transformavam estas ideias em acontecimentos do poder. ...
Os Centros Comerciais para mim são um "Não Lugar". Não sou fã de cidades perfeitas, com temperatura perfeita, pavimento perfeito, estacionamento perfeito, com todas as lojas iguais umas às outras e onde se cruzam milhares de seres embonecados que participam na feira das vaidades, como se as suas vidas fossem também elas perfeitas! Não sendo por isso adepta de Centros comerciais (admito já que também já entrei em meia dúzia) pareceu-me que deveria assistir às reuniões à volta da construção do Centro Comercial às Portas de Avis. Estava quase certa da minha oposição a esta construção, mas pelo sim pelo não fui escutar o que tinham a dizer os autarcas, os comerciantes e os cidadãos desta cidade. Poderia ser que alguém me desse um argumento que fizesse mudar a minha opinião. 3 reuniões depois continuo a pensar o mesmo. Évora, não vai conseguir sobreviver a um Centro comercial às portas da cidade. Porque essa coisa de me dizerem que se irão fazer ligações entre o centro comercial e...

a minha madrinha

a minha madrinha irma da minha mae, adoeceu tinha 6 anos. O medico, privado, que foi a herdade no Freixo consulta-la, tratou-a durante 1 mês. Todos os dias la´ia. ao fim desse mês disse aos meus avós que nao sabia o que a menina tinha, que ela nao reagia e que se preparassem para ela morrer. O meu avó tinha uma verdadeira adoração por aquela filha. Nao aceitou o veredicto, como tinham dinheiro rumaram com ela primeiro para o hospital de Redondo, depois para Lisboa, o veredict o era sempre o mesmo. Nao sabemos, nao ha nada a fazer. Nos meses em que estiveram em Lisboa, souberam que em Paris um medico tinha tratado de uma menina com os mesmos sintomas. Pegaram neles e la foram. Estiveram 6 meses em Paris, ela numa clínica, eles numa pensao. ao 3 mês foi-lhe diagnosticado "o mal" no baço. O mal para quem nao sabe era cancro. Só com operação, disseram-lhes. Faça-se disse o meu avó. E assim se fez. Correu tudo bem, esteve mais 3 meses a fazer tratamentos e regressou...

licença de maternidade

Hoje por causa da noticia das duas mulheres que mostraram aos médicos que ainda amamentavam a minha mãe, mulher que não é dada a muitas historias, contou-me duas que protagonizou. No ano em que nasci saiu a lei que dava às mães um mês para estarem com o bebe recém- nascido. Quando me teve, mandou entregar a minha certidão na fabrica e ficou em casa durante um mês. Finalizado o prazo foi trabalhar. Chegada lá, o chefe disse-lhe que estava despedida porque tinha abandonado o tr abalho durante um mês. Ela respondeu que não, tinha estado com licença de maternidade. O bom do homem respondeu que ali a lei não interessava para nada...A boa da minha mãe saiu da fabrica direita ao tribunal de trabalho e depois de explicar à técnica o porquê da sua visita, na hora a funcionaria entrou em contacto com o patrão que a mandou regressar ao trabalho. E o caso ficou por ali. Na mesma lei tinha sido dado a todas as mulheres que amamentassem 1 hora por dia. Como vivia perto do trabalho saia meia hora de ...

25 de abril - parte 1

Esta a fazer anos ,já se passou quase uma vida mas ainda me lembro como se fosse hoje o dia em que percebi que a minha mãe, a mulher de aço a quem nada nem ninguém conseguia vencer, derrubar ou machucar, se deixou cair numa depressão profunda. Naquele dia ao voltar para casa para almoçar ela estava desgovernada, gritava, partia coisas, andava violentamente pela casa como se estivesse presa. assustei-me, tentei para-la mas foi impossível e restou-me esperar que passa-se. Passa ram horas quando ela tombou no sofá, a cabeça entre as mãos e os soluções sofridos já quase sumidos. Quando consegui ter coragem aproximei-me, precisava saber o que levava aquela mulher de garra, sempre compenetrada e correcta a estar naquele estado. Bem sabia que estávamos a passar tempos difíceis, o desemprego dela e do meu pai, fazia-nos estar a viver tempos difíceis, mas ela tinha-se mantido firme durante aquele ano, aquilo teria de ter outra explicação...e tinha. O jornal foi-me estendido, percebi que ali est...

a pascoa

toalhas de linho de um branco imaculado conhecidas pelas toalhas da festa para proteger as massas que levedavam ate sábado pela manha altura em que os faziam e os carregavam ate ao forno comunitário que estava instalado no quintal da minha Tia Bia. E ai durante todo o dia entravam e saiam bolos,uns mais apetitosos que outros. Eu e as miúdas da minha idade de quando em vez lá conseguimos comer um por outro. Tudo corria lindamente ate eu dar pelo massacre anual...o meu tio Manuel matava o meu borrego! Todos os anos era a mesma coisa, dava-me um borrego acabado de nascer prometia-me que desta vez era mesmo meu e não o mataria e todos os anos o matava! Lá começava a choradeira e mais uma vez ele me dava outro e voltava tudo ao inicio. Foi assim durante anos, eu esforçava-me para acreditar nele e ele sempre falhava. Um dia lá percebi a coisa...ele queria dar-mo mas tinha que o matar para o comer então optava pelo mais simples faltar à sua promessa... foi na Pascoa que aprendi a nunca pr...

o toque da sineta

Os meus pais mudaram de casa uns meses antes de eu fazer 6 anos. Fui da avenida dos combatentes, para a rua de Avis. Foi uma mudança profunda. No Pátio onde morava éramos todos uma família. Uma das primeiras coisas que estranhei, com esta mudança, foi as portas fechadas, no pátio as portas estavam sempre abertas, para entrar bastava chamar por um dos elementos da família e íamos entrando, ali não, era preciso bater, alguém vinha abrir e esperava-se a porta. Mas a mudança que me doeu mais foi o ter que aprender que existiam pessoas considerada diferentes por características físicas, na rua de Avis, o coxo, a muda, o velho, o corcunda, o gago, o maneta, eram apontados de forma depreciativa e não eram tidos como participantes de pleno direito quer na vida social dos adultos, quer nas brincadeiras das crianças. No pátio de onde eu vinha, eles também existiam, mas eu só me confrontei com eles do outro lado da cidade. No pátio eles eram só mais um, era preciso falar com a muda olhando pa...
Quando era miúda,todos os dias por volta das 18h o meu pai ia buscar-me ao colégio. Levava sempre um resto de pão do almoço e parávamos no jardim para dar comer aos patos. Era nesse tempo que falávamos sobre o meu dia no colégio. Um dia, teria ai uns 6 anos disse-lhe que estava brigada com uma menina, ela tinha-me dito umas coisas que não gostei e eu fiquei zangada. Perguntou-me o que lhe tinha respondido e eu disse nada. Porquê? Porque não tinha conseguido! Ele quis saber o  que lhe queria ter respondido e eu lá disse. Ele, pegou na minha mão e voltou a dirigir-se ao colégio, mandou chamar a menina e quando ela chegou disse-me para lhe dizer tudo o que lhe tinha dito. O meu pai, é um pai muito carinhoso e que me faz todas as vontades, mas quando diz uma coisa é para se fazer, pelo que não tive hipótese, lá disse tudo de novo. No fim, voltou-se para a menina e perguntou-lhe se tinha algo para me responder, ela respondeu que não. Voltou a pegar em mim e lá fomos a caminho de casa. C...
tal como todos vocês tenho desempenhado varios papeis ao longo da vida. Gosto mais de uns que de outros, como é normal, mas aquele que sempre mais me apaixonou e que achava que era o que desempenhava melhor é o de mãe. Sempre gostei deste papel. Gostava desta coisa de brincar, passar o testemunho, partilhar conhecimento e de ver a minha filha crescer e tornar-se numa mulher. Achava eu que era o que me cabia que nem uma luva...pois cabe é certo, mas aquele que foi feito à min ha medida é um que desempenho há 2 anos... O papel de avó! Oh coisa gostosa, tem todas as coisas boas de se ser mãe sem a parte chata de educar, repreender, preocupar com o corriqueiro! Neste meu papel novo, não me preocupo se há ou não dinheiro para as comprar, colégio ou roupas....não tenho que colocar a dormir na hora, ou brigar para arrumar, lavar os dentes. Não me preocupo com a roupa limpa ou passada....só me preocupo em fazer o meu neto feliz e ser feliz com ele.... O meu neto Miguel fez anos no dia do beijo...
Quando a minha filha nasceu, talvez por ser demasiado jovem, não pensei que iria ser dificil nem filosofei sobre o assunto, não li teorias da educaçao, nao fui a aulas de parentalidade, nada disto fui para casa e com a ajuda da minha sensibilidade pessoal, daquilo que eu achava que deveria ser o meu papel de mae e o conselho fabuloso do meu pai " para a tua filha ser feliz faz-lhe o que gostas-te que nós te fizemos e faz o contrario daquilo que nao gostas-te" fui desempenhand o o papel que me calhou! Três coisas porem fizeram sempre parte do meu pensamento... 1ª A minha filha era um ser com os seus próprios sonhos,nada de sonhar por ela. 2º A liberdade de escolha tem sempre um preço, era preciso aplica-lo na hora. 3ª a única coisa que importa é a felicidade, e nunca lhe travei a possibilidade de ser feliz! A coisa correu-me bem! Nunca sonhei por ela e ela aprendeu a arcar com as consequenciais das suas livres escolhas! E tem sido um ser feliz! Ao longo dos anos porem pensei s...
Durante vários anos achei que o papel que desempenhava melhor era o de mae. Sempre presente, sempre disponível, sempre pronta a escutar, sempre pronta a ajudar, a ser parte da soluçao e nunca parte do problema, sempre a tentar fazer da vida da minha filha o mais feliz e simples possível. Ha 3 anos que sei que me enganei, o meu melhor papel é mesmo o de avó...sou isso tudo e um pouco mais. Nestes 3 anos tenho feito o meu neto o mais feliz que posso,mas ele tem-me feito muito m ais feliz a mim. Hoje ele faz 3 anos e é como se tivesse estado na minha vida desde sempre! O neto da avó, hoje nao vai ter a festa que pensava preparar-lhe, mas sei que vai ter um dia muito feliz na mesma e a parte que me cabe pode contar com ela Parabéns  Pitucas que sejas sempre feliz
Ontem no Armazem 8 assisti ao debate sobre a memoria. Das muitas coisas que Camilo Mortágua e Aurora Rodrigues destacaram, destaco o Medo! Os regimes contam com o medo para nos dominar. É certo e continua actual este culto do medo. Na minha historia pessoal, não tendo idade para ser revolucionaria antes do 25 de Abril, o medo era também um sentimento que me cultivaram no Portugal de Salazar. No convento, onde me preparavam para servir a Deus, o medo era o sentimento mais do minante! E era utilizado das formas mais simples. Por exemplo, de cada vez que passávamos pelo retrato de Salazar ou pelo cruxifixo tínhamos que fletir um dos joelhos e benzer-nos. E faziamo-lo muitas vezes pois estes dois símbolos estavam por todo o lado. Só desde a sala dos lavores à casa de banho tínhamos de o fazer 6 vezes. Para quem ia à pressa imaginem o que era? Mas faziamo-lo, porquê? Por medo, porque se alguma das freiras nos visse e não o fizesse-mos íamos de castigo para a capela rezar pelo nosso pecado! ...
Ontem no final do espectáculo tive a confirmação de que estamos a trilhar o caminho que sempre consideramos mais acertado. Não é o mais fácil, mas é o que nos parece ser o caminho de todos e para todos. Duas pessoas diferentes, que conheço de vista foram ter comigo por motivos diferentes. A primeira disse-me "parabéns pelo espectáculo, das vezes que temos vindo têm sido sempre bons. Mas alem disso gostamos muito do espaço e especialmente de encontrar sempre pessoas difere ntes. Este é sem duvida um espaço aberto e não só um espaço para meia dúzia de amigos". Esta confirmação de um casal que foi já meia dúzias de vezes ver os espectáculos que programamos, que são pessoas anónimas e que conhecemos só dali, foi a confirmação de que o espaço é aberto a todos e não um gueto, o que muito nos agrada pois é realmente o que queríamos que fosse. Um espaço de todos e para todos. A outra pessoa veio ter comigo e perguntou " posso sugerir um espectáculo para trazerem aqui?" ao q...
O meu neto Miguel faz hoje um ano. Há um ano atrás ao olhar para aquele ser mínimo, que segurou o meu dedo com a força de um guerreiro, o meu coração ficou imenso, pleno. Estive em choque nos primeiros dias, sem saber se ria, se chorava de emoção. Um ano já se passou e correu tão depressa, com ele voltei a espojar-me no chão, a trautear canções de ninar, a fazer carretas absurdas. Eu aprendi a conhece-lo e ele conheceu-me...Todos os dias que passamos juntos estreitamos um po uco mais laços que são só nossos, coisas de avó e neto. Temos emoções que não temos com mais ninguém. Nesses dias, 1 por semana, ele cansa-se e eu canso-me, mas é um cansaço tão gostoso, tão doce, uma sensação única, como se o mundo estivesse em paz! O Miguel faz um ano hoje, mas é como se ele sempre tivesse estado na minha vida. O menino doce, charmoso, curioso, irrequieto, traquinas, bem disposto e sorridente faz-me ser imensamente grata à vida e ainda mais feliz... Parabéns Miguel, que a vida te dê tudo o que s...
bom, vou contar-vos a historia do quadro do Picasso, para nao ficarem a pensar que a minha mae é rica... Ela foi directora do Fomento muitos anos, na época era uma das maiores empresas do pais, fazia parte das suas funções ir a varias feiras da Industria. Um ano calhou em Madrid (segundo o Carlos Julio nao pode ter sido ai, vou ver com ela se foi ai mesmo ou se ela baralhou os lugares, pois ia a varias, mas a mim contou com Madrid), foi acompanhar a patroa, D. Maria Fern anda. durante a estadia foi inaugurada uma exposição de Picasso, elas receberam convites e la foram. a D. Fernanda foi apresentada a Picasso e comprou-lhe um quadro. Estiveram algum tempo a conversar e enquanto a patroa foi ver o resto da exposição, a minha mae, mulher que sempre gostou pouco de artes, sentou-se a tomar um whisky ( coisa que sempre apreciou) e por ali ficou. Conhecendo a senhora devia estar com ar de tédio. Uma das amigas da patroa veio falar com ela e no meio da conversa ela disse-lhe que nao gostava ...
bom, vou contar-vos a historia do quadro do Picasso, para nao ficarem a pensar que a minha mae é rica... Ela foi directora do Fomento muitos anos, na época era uma das maiores empresas do pais, fazia parte das suas funções ir a varias feiras da Industria. Um ano calhou em Madrid (segundo o Carlos Julio nao pode ter sido ai, vou ver com ela se foi ai mesmo ou se ela baralhou os lugares, pois ia a varias, mas a mim contou com Madrid), foi acompanhar a patroa, D. Maria Fern anda. durante a estadia foi inaugurada uma exposição de Picasso, elas receberam convites e la foram. a D. Fernanda foi apresentada a Picasso e comprou-lhe um quadro. Estiveram algum tempo a conversar e enquanto a patroa foi ver o resto da exposição, a minha mae, mulher que sempre gostou pouco de artes, sentou-se a tomar um whisky ( coisa que sempre apreciou) e por ali ficou. Conhecendo a senhora devia estar com ar de tédio. Uma das amigas da patroa veio falar com ela e no meio da conversa ela disse-lhe que nao gostava ...
bom, vou contar-vos a historia do quadro do Picasso, para nao ficarem a pensar que a minha mae é rica... Ela foi directora do Fomento muitos anos, na época era uma das maiores empresas do pais, fazia parte das suas funções ir a varias feiras da Industria. Um ano calhou em Madrid (segundo o Carlos Julio nao pode ter sido ai, vou ver com ela se foi ai mesmo ou se ela baralhou os lugares, pois ia a varias, mas a mim contou com Madrid), foi acompanhar a patroa, D. Maria Fern anda. durante a estadia foi inaugurada uma exposição de Picasso, elas receberam convites e la foram. a D. Fernanda foi apresentada a Picasso e comprou-lhe um quadro. Estiveram algum tempo a conversar e enquanto a patroa foi ver o resto da exposição, a minha mae, mulher que sempre gostou pouco de artes, sentou-se a tomar um whisky ( coisa que sempre apreciou) e por ali ficou. Conhecendo a senhora devia estar com ar de tédio. Uma das amigas da patroa veio falar com ela e no meio da conversa ela disse-lhe que nao gostava ...
Há uns dias uma jovem foi falar comigo, marcamos um novo encontro e no dia marcado ela lá estava, um pouco apreensiva pois tinha-me ligado varias vezes e eu não tinha atendido. Pedi desculpa e expliquei-lhe que tinha deixado durante o fim de semana o telemovel no escritório e só naquele dia o tinha comigo de novo....tanto ela como o companheiro olharam para mim como se fosse um bicho estranho e perguntaram aflitos " como pode estar tanto tempo sem o telemovel". Lá expliquei  que me é muito fácil, que não o uso agarrado a mim e que nao sou escrava nem do telemovel, nem do computador e nem de nada. Posso estar dias sem estas coisas, pois quem me é próximo sabe o meu telefone e onde moro, os outros quando recuperar o telemovel tenho tempo para resolver e responder...ficaram incrédulos e confidenciaram que gostavam de ser assim mas não eram capazes. Alias estavam ambos de telemovel na mão ao falar comigo. Já há umas semanas tinha tido uma pequena "discussão" com um comp...
Manoel de Oliveira morreu, ao contrario do nosso ministro não me admirou, afinal o senhor tinha 106 anos, um dia morria. Apesar de parecer mal, eu continuo a dizer o que disse sempre, não gosto dos filmes do mestre, nem do Aniki Bobo gostei! Mas não gosto dos filmes dele, como não gosto dos livros de Saramago ou das obras da Vasconcelos. Não serei culta, paciência, mas não gosto e já percebi há muito tempo que os gostos são pessoais e não se discutem. E eu, não digo que gosto  do que não gosto! E eles estavam-se nas tintas para a minha opinião, afinal nem sequer sabiam que eu existo. Quanto ao facto do cineasta ter levado o nome de Portugal para o mundo. Sim, é verdade. Mas foi ele, foram cantores, arquitectos, médicos e ate empregadas de limpeza. Claro que cada um no seu meio e à escala decidida pela comunicação social. Ele foi mais destacado do que uns e menos que outros. Já a questão do humanista, filosofo ou homem de esquerda, disso não sei nada, não o conhecia e ele também nun...

pascoa

Quando era miúda por esta altura passava os meus dias a lavar os Santos de S. Francisco e a enfeitar os altares com rosmaninho e alecrim. Uma semana antes da Pascoa a igreja tinha que estar bonita para receber a bênção dos ramos. Na missa do Domingo de Ramos, que é já dia 9, os agrários vinham com ramos enormes de alecrim, rosmaninho e palmito para que estes fossem abençoados, ramos esses que depois colocavam em cruzes no meio das cearas para terem boas produções de cereais . Depois vinham as senhoras da cidade com pequenos ramos sempre de ervas do campo para colocar por cima das camas para abençoar a família. O cheiro da igreja naquele dia era impressionante, um cheiro forte mas leve de flores que em nada tinha a ver com os outros dias do ano. Deste tempo me ficou o gosto pelas ervas e flores do campo! Este era o único domingo do ano em que ir para a igreja toda a manha não me chateava, nos outros sempre achei mais interessante e produtivo ficar a dormir! Acho que ainda hoje é assim.....