falta cumprir-se Évora

Évora sempre foi pioneira em muitas coisas. Encontros de escultura, festivais jovens, feiras alternativas, encontros de tradição, festivais de rua, encontros literários, certames históricos, bianais, isto dos que me lembro, mas se analisarmos a história da cidade ao longo dos séculos, esta é uma das suas marcas identitárias. O porquê é fácil de descobrir. Ela teve sempre filhos que a amavam e amavam a cultura, fazendo dela um chamariz para outros de grande relevância nestas matérias. Mas nunca passou disso mesmo, de uma cidade pioneira, sempre deixou cair todas as suas marcas, nenhuma delas tem tempo de vida que lhe permita amadurecer Sempre assim foi. Estar a frente foi sempre um dos seus pecados. Infelizmente não o único. É certo que contou sempre com grupos de "malucos" que sonhavam e batalhavam para levar a praça estes acontecimentos de vanguarda, mas também é certo que estes se deixaram sempre enredar em teias que transformavam estas ideias em acontecimentos do poder. Este facto deixou-os sempre frágeis, porque a mão do poder fragiliza os sonhos, retira-lhes o viço e consequentemente com a vinda de outro poder, caem por terra.
Por isso, apesar de pioneiros em muitas actividades relevantes, não conseguimos ter uma marca que se mantenha, que nos faça únicos no tempo, a não ser o ter sempre sonhadores no seu seio. Évora é por isso a cidade que poderia Ser e nunca se concretizara. Apesar disso, ou talvez por causa disso continuo a sonhar com um rumo diferente, que a faça acontecer...mas eu sou uma das suas sonhadoras e também eu tenho culpa nesta sua história.