Os políticos de vários países do mundo não estão à altura desta crise que se abateu sobre nós. E quando os estados eleitos se mostram incapazes há quem tome o seu lugar, a história está cheia de exemplos destes.Neste momento no Brasil, enquanto o governo manda os pobres trabalh arem fazendo deles carne para canhão, os chefes dos morros, os homens do narcotráfico, fecham as favelas e não deixam ninguém entrar para visitar, nem ninguém sair para trabalhar. Enquanto os patrões das avenidas deixaram de pagar à s empregadas que ficaram em casa, eles, os donos do morro estão a alimenta-los. A condição que não saiam de casa. Dirão, mas são bandidos, pois são. Mas neste momento sãos os que valem aos pobres. Depois disto passar, porque passa, eles terão ainda mais poder na sociedade Brasileira, irão proteger quem os protegeu, e não querem nem saber se são bandidos ou não, foram os que lhes v aler am , quando o governo e os p a trões lhes viraram as costas. S abem ...
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Mostrando postagens de março, 2020
O confinamento nao é bom conselheiro
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Quando nasci o médico que me foi observar disse a minha mãe que eu vinha com o sistema nervoso alterado, coisa fina para a época. Acertou, não conseguia parar no lugar, tinha uma energia que cansava um santo e claro que aquilo junto dava disparates. Por isso na 1ª infância a minha mãe, as freiras e depois a professora, resolviam este meu problema com umas chapadas ou umas reguadas, coisa tão comum na época como hoje a ritalina, se bem que com menos efeitos secundários. Quando fiz 10 anos descobriu-se que sofria de epilepsia, nos primeiros tempos trataram-me na base das drogas, como era comum, mas deixei de as querer tomar porque aquilo colocava-me a dormir ate de pé, o que era uma seca para quem ainda não tinha curtido a vida. Tive sorte. A minha mãe procurou informações, especialistas e encontrou como apoio aos comprimidos a meditação. Foi assim que aos 12 anos passei a ir a Lisboa 2 vezes por semana para aprender e fazer exercícios que me ajudassem a espaçar os ataques e a dimi...
viver no fio da navalha
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Cultura e artistas em tempo de crise Nos sabemos que somos os “não essenciais”, Camões sabia-o, Picasso também, sempre assim foi. Percebemos. Aceitamos e vimos para a janela cantar para vos animar, para vos fazer esquecer pelo menos por uns minutos. Fazemo-lo com a mesma entrega que teríamos em cima de um palco. Mas depois fechamos as janelas e ficamos entregues a nós próprios. Em todas as crises assim foi e esta não é diferente. Mas doei-nos, dói-nos muito, porque os artistas também são gente. Gente com contas, com filhos para alimentar, com casas para pagar. Mas nem isso podemos dizer, se o dizemos há um número enorme de vozes que se levantam e dizem “vão trabalhar” Pois tenho uma notícia para vocês, nós trabalhamos muito e em circunstâncias que a maioria não o conseguiria fazer. Percorremos quilómetro para ir fazer um espectáculo a muitas horas de casa, fazemo-lo muitas vezes com apenas o dinheiro para a gasolina no bolso, muitas vezes doentes, outras tantas deixando os fil...
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Quando pequena ia passar ferias ´há terra da minha mãe a Aldeia da Venda, no concelho de Alandroal, lembro-me de ser imensamente feliz por lá mas lembro-me também das miúdas da minha idade sonharem em vir para Évora, a cidade grande como lhe chamavam..eu gostava de lá e de cá e não via grande diferença na coisa. Depois crescemos e elas vieram realmente para cá. Mais tarde as suas filhas sonharam em ir para Lisboa a cidade cosmopolita. Eu gosto de Lisboa e gosto de cá também.. .Agora as filhas mais novas dessas mesmas primas querem ir para Londres, Paris ou outra grande Capital da Europa...eu também gosto destas cidades todas ...mas continuo a gostar da aldeia da minha mãe, aquele canto do Alentejo cheio de pedras onde o tempo corre muito devagar e onde o ar é mais leve. Gosto desta minha cidade já não tal calma mas onde ainda oiço as andorinhas pela manhã e onde as gentes ainda se cumprimentam. Mas há dias em que perder-me no meio da multidão numa Praça de Lisboa me dá um prazer enorme...
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Sempre detestei as diferenças sociais, não só pelo dinheiro ou pelas coisas que se compram com ele, detesto-as pelas diferenças internas que provocam. Pelos sonhos que não permitem ter ou apenas pelo que se permite almejar! Hoje fui a uma instituição e encontrei uma antiga colega de liceu, andou comigo nos 3 últimos anos, era uma rapariga de poucos recursos, que nao se vestia da mesma forma que todas nós, que nao frequentava os bares da moda ou as coisas da cultura. O dinhei ro não o permitia e ela aceitava sem o por em causa. Não queria mais que terminar o liceu, arranjar um emprego e pouco mais, nunca a vi querer mais do que o que tinha e aceitava isso sem o colocar em causa. Mas o facto é, que aquela minha colega de liceu era das raparigas mais inteligente que eu conheci, a que tinha o raciocínio mais rápido, a que percebia tudo logo à primeira e claro a que tinha as melhores notas do liceu. Poucas foram as pessoas que encontrei na vida tão inteligentes e capazes. Mas hoje fui encon...
Os Alonzo
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Nos últimos dias tenho-me lembrado muito dos Alonzo. Não os conheci, eles chegaram ate mim por uma história que a minha avo me contou algumas vezes. Os Alonzo vieram fugidos da guerra civil espanhola, o pai, a mãe, uma filha, um filho, o avô e um tio ainda jovem. Vieram da raia, atravessaram o rio e entraram por Juromenha. Por terras espanholas tinham ouvido falar que na zona dos sacaios eles conseguiam esconder-se e deram-lhe algumas indicações de famílias com que poderiam contar, o Chilrito era um dos que procuravam. Chegaram em Abril numa noite clara, os cais ladravam muito e foi fácil descobri-los no fim da herdade, cansados, sujos e com fome. Tiveram sorte entravam na herdade do Chilrito. Nessa noite foram escondidos dentro de casa, depois de limpos e alimentados. Mas logo que o dia clareou foram levados para a Pedra. A pedra, que conheci muito bem, era uma enorme pedra de granito que ficava próximo da casa dos meus bisavos, tinha por baixo uma pequena entrada quase oculta e por b...
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Foi dia do Pai...todos o são, mas este é oficial... O meu pai não queria desempenhar esse papel, ele não queria filhos. Não queria ter sob a sua responsabilidade alguém que pudesse passar mal, tivesse fome, frio ou sofresse. Sentimento resultante da sua própria experiência, por isso quando soube não achou muita graça. Conformado começou a sonhar com o filho homem, não queria uma filha mulher, dizia que elas sofrem mais, trabalham mais, são mais incompreendidas. Por isso no dia em que nasci, contrariando o senhor, não foi visitar-me foi à inauguração do Monte Alentejano, marcada para a mesma hora da visita. Só me viu no dia seguinte, diz quem lá estava que se apaixonou por mim na hora...sorte a minha! O meu pai foi desde aquele meu 2º dia de vida, o meu companheiro de brincadeiras, de festas, de saídas, foi o meu confidente, meu conselheiro e meu mecenas! O homem que não queria filhos para que não sofressem, no desempenho dessa sua função em tudo o que lhe foi possível nunca deixou que ...
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O meu pai nasceu numa família numerosa, naquela altura as famílias numerosas em vez de apoio tinham fome! Quando fez 5 anos teve o seu primeiro emprego, guardar perus a 5 km de casa. Descalço, com uns calções e uma blusa, que segundo ele por ser tão fria parecia seda, ali esteve durante um ano. Durante esses 365 dias era visitado pelo irmão mais velho uma vez por semana para lhe levar a comida. Comida que ele, devido à fome, devorava toda nesse mesmo dia, depois comia ervas, bagas e coelhos quando os conseguia agarrar. Dormia numa cabana de pastor sozinho e as histórias de ninar eram o barulho do campo, barulho que o mantinha acordado durante muitas horas devido ao medo! De madrugada lá deixava o seu cobertor com um buraco no meio e tentava com grande dificuldade acender a lareira, onde aquecia a agua suja de café para o pequeno-almoço (?) e se aquecia antes de libertar os perus e ter de andar todo o dia atrás deles! Depois desse emprego, pelo qual recebeu um garrafão de az...
Pai, vai ficar tudo bem
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Ando um pouco perdida nos dias e isso fez-me cair na esparrela bem montada do meu pai. Ontem ligou-me e pediu que fosse lá hoje, bem contestei, mas era mesmo necessário, segundo me disse. Combinamos que eu apitaria e ele sairia para o quintal e falaríamos ali. Assim fiz, buzinei ele saiu com a minha mãe e as suas muletas atras, mantivemos a distancia de segurança e depois das perguntas normais, do como estas e por ai, quis saber qual era a urgência... Nenhuma , queiramos ver-te! Insurgi-me...vocês são de risco, se ficarem doentes não vos podem salvar. Já basta ter que vir quando for necessário que isto vai durar! Oh pai é lá hora disso? Claro que sim...tenho quase 90 anos, se tiver que estar uns meses sem ver as minhas meninas, prefiro apanhar já a doença e morrer. Morrer deve ser mais fácil do que estar sem vos ver. Ate passo sem os beijos e os abraços, mas tenho que vos ver, não todos os dias mas pelo menos todas as semanas. Se é para não vos ver, não estou cá a fazer...
Um espectáculo, é mais do que distracção.
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Não sofro de tédio, tenho coisas para fazer, para resolver e isto começou há pouco tempo para já estar entediada. Mas se ficar, fic a m desde já a saber que não vou ver espectáculos gratuitos dados por artistas nas suas próprias casas, em jeito de Festival Porquê? Porque tenho respeito pela minha área, pelos seus profissionais e por aquilo que estão a passar milhares de artistas, técnicos, produtores e responsáveis associativos por esta Europa fora. Mais uma vez, há uns a desrespeitar outros e neste caso outros que não sabem como vai ser o dia de amanha. Sabem quem pode fazer isto? Os artistas ligados as grandes editoras, esses, felizmente, continuam a receber delas e fazem espectáculos grátis para vos distrair. Mas não há almoços grátis, vocês são grandinhos já o deveriam saber. Estes espectáculos vão ficar muito caros, p a r a nós e p ar a os artist as, depois disto terminar...essa é um certeza. Mas para já são uma afronta para...
Desesperar Jamais!
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A primeira crise em que fui interveniente foi em 1983. Évora e o Pais viram fechar fábricas ao desbarato, a crise do desemprego foi grande e a economia caiu a pique. A minha família viveu-a na pele. Eu cresci de forma violenta naquele ano. Vi o melhor e o pior do ser humano. Nunca mais fui a mesma. a filha única, pequeno burguesa que achava que o mundo era um mar de rosas, que todos os sonhos eram possíveis e as pessoas tinham todas, bom coração, deixei-a numa qualquer parte desta cidade. Mas tinha 17 anos, a inconsciência foi a mola que me deu força para me levantar e ajudar os meus pais a saírem da depressão em que tinham entrado. Dei a volta por cima e eles também. Vou passando por crises pessoais como toda a gente e segurando as pontas, umas vezes melhor, outras pior. Em 96 sou eu que vivo uma situação de desemprego, as rádios locais de norte a sul substituem os locutores por computadores e eu vou na primeira leva, mas continuo a ter garra e parto para uma nova...
Na Plataforma
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Uma das minhas primeiras memórias é auditiva. Lembro-me de estar sentada na minha cama e escutar ao longe o comboio. Aquele som cativou-me de forma tal, que fiz com que o Mimim passasse a levar-me todos os dias a estação. No fundo da avenida, diante dos meus pequenos olhos ali estava, aquele comboio prateado, enorme, sempre muito reluzente. Dele saiam e entravam pessoas de todos os géneros e feitios, uns apresados, outros de forma lenta. uns carregavam enormes malas, outros apenas sacos as costas. Todos os dias aquelas pessoas iam e vinham de lugares que me eram desconhecidos. Todos os dias eu queria ver o comboio que os levava e trazia. Ali ficava de pé, sem fazer nada mais que olhar o comboio. Depois suava o apito, a correria aumentava, gente que ainda queria sair encontrava-se com gente que queria entrar, o funcionário com a sua bandeira, percorria toda a maquina, de porta em porta fechando-as.novo apito e num movimento lento ele começava a deslizar nos carris, a velocidade ia aumen...