Postagens

Mostrando postagens de dezembro, 2024

passagem de ano-2019

  Passado o Natal deixem-me contar-vos o que aprendi com a minha avó Zulmira sobre a festa do ano de que mais gosto... A Passagem de Ano.... E o que é isso da Passagem de Ano? O ano Novo é uma bênção à TERRA. É o fim de um ciclo o inicio de um novo. Foi uma das maiores criações do bicho homem. No tempo em que eram apenas caçadores, devido a isso, ouve escassez de animais, era necessário criar uma outra forma para se alimentarem, foi ai que se iniciou o cultivo de sementes, uma necessidade que precisava de uma medida para ser controlada e criou-se o calendário. a passagem de ano, ou dia zero, é o inicio da contagem para a plantação e para a recolha de alimentos orgânicos. A festa foi criada para agradecer à mãe terra a sua generosidade para com as plantas que nos iriam depois alimentar e permitindo-nos deixar de caçar em grande escala para sobrevivermos ( que se comemorou em Março durante muitos anos). Este primeiro ciclo, veio marcar todos os outros, os da plantação, da rega e da c...

as radios--2023

  Corria o ano de 96 e as rádios, das locais às nacionais começaram a ser compradas pelos grandes grupos empresariais. O lucro como objectivo, a desinformação como proposito. Era ao que vinham. Começaram, de norte a sul por despedir individualmente ou coletivamente, dependendo dos casos, os locutores de continuiedade, aqueles que falavam com os ouvintes directamente, os que tratavam da educação, cultura com tempo, com calma. Alvos a abater, foram fáceis de tirar de cena, as horas de musica gravadas, as play list feitas por um qualquer diretor de programação, com o intuito de receberem grandes somas das grandes empresas discográficas. Fez-se um movimento, pequeno reconheço, de luta contra o que estava a acontecer, mas não resultou, os locutores de continuidade de peso, não se juntaram, estavam bem na vida, não pertenciamos ao sindicato dos jornalistas, apesar de alguns o sermos, logo não tivemos direito a defesa. Quem podia fazer barulho, os nossos colegas jornalistas, não se coloca...

o natal da avó zulmira -2019

  O natal da minha infância já vai longe mas está na minha memoria como se fosse ontem. Na minha casa sempre se fez o presépio, a árvore entrou já eu era adolescente. Retirava-se algum móvel do lugar, ia-se ao musgo ali para a estrada da Igrejinha, colocavam-se as figuras no lugar, sem o menino nas palhinhas que esse só chegava na Noite de Natal e ao longo dos dias iam-se aproximando os reis magos da cabana. Um ritual que repito até hoje, com excepção do menino que fica logo no lugar desde o inicio. Depois as prendas iam aparecer em cima do fogão da minha mãe dentro da chaminé no dia 25 de Dezembro. Já na casa da minha madrinha as coisas não eram bem assim, o presépio não entrava mas a árvore de Natal sempre foi figura principal. Ela decorava-a com fitas e bolas e o meu primo Zézinho, rapaz que sempre teve pelo dinheiro um amor doentio, pendurava notas de 20, 50 e 100 escudos aos ramos com molas da roupa. Sempre achei horrível aquela sua árvore, se não era para ter chocolates para...

natal 2016

Imagem
  Quem me conhece sabe que não gosto do Natal, tenho as minhas razoes e não finjo só porque fica bem. Mas enquanto a minha filha foi pequena fiz desta época uma altura de festa, não queria influencia-la com o meu desagrado e passar-lhe este meu azedume pela festa cristão, então fui-lhe passando a festa do Solsticio, aquela festa ancestral apoderada pelos católicos e corrompida com presentes. Nessa noite o Pai Natal era uma figura mítica que escondia os presentes pela casa, obrigando-nos a correr de lugar para lugar à sua procura. Cada um vestido de uma figura à sua vontade, desde a rena, ao duende, lá íamos descobrindo as prendas...uma de cada lista feita anteriormente...nunca mais que uma. E que prazer era vê-la receber a prenda sonhada. Um ano olhando para a lista dela vi um pouco atónita que pedia uma tampa de sanita para a sua casa de banho...uma tampa azul e que não fosse fria...só rindo mesmo. Foi o único ano em que lhe dei duas prendas, sim porque me pareceu que merecia mais...

desempregados-2019

  Li nas noticias que varias fabricas fecharam as portas nesta sexta feira deixando centenas de famílias sem emprego, Não entendo como podem fechar as portas em alturas dessas, podiam deixar para Janeiro e deixar as pessoas terem uma festa sem sobressaltos...acho eu!. As linhas lidas, fizeram-me recuar ao Natal de 1983, foi nesta altura que os meus pais viram fechar o Fomento Eborense. Perto do Natal, com um 1 ano de salários em atraso e mais de 40 anos de trabalho no mesmo lugar, com as mesmas pessoas, para o mesmo patrão. Assim nos vimos ali, naquela casa 2 desempregados com mais de 50 anos e uma miúda de 17. A vida mudada de repente. Do muito para o nada, apenas com a certeza de que nesse Natal não havia dinheiro para as prendas e para a festa. Não que fossemos dados a grande celebração mas sempre se fazia o jantar para toda a família da minha mãe, se compravam os presentes para os muitos sobrinhos que eles tem e claro se enchia de prendas a filha, numa espécie de apaziguar ...

as caçadas--2020

  Na década de 80, com o inicio das reservas de caça o restaurante dos meus pais, porque a minha mãe cozinhava muito bem caça e espécies estranhas , começou a ser contratado para fazer almoços em caçadas. Era uma logística complicada, levar cozinhas, loiças, mesas, cadeiras, e toda a tralha necessária para servir almoços que às vezes tinham mais de uma centena de participantes Preparar comida em espaços sem agua canalizada, sem luz e às vezes no meio do campo não era pêra doce. Mas era necessário já que eles estavam a começar e aqueles serviços eram muito bem pagos. Logo ao segundo almoço o meu pai estava pronto para não aceitar mais nenhum. O homem ficou horrorizado com a quantidade de peças de caça mortas em apenas uma manha, para ele que nem quando em pequeno passou fome foi capaz de matar bichos para comer, aquilo foi uma tortura, durante vários dias nem vontade tinha de comer. a minha mãe, mulher pragmática e que era quem geria o negocio, nao tendo esse tipo de relação com os...

os meninos que não sabiam ler-2024

  A Aurora Rodrigues partilhou esta imagem e eu lembrei-me de uma historia do meu pai. As carrinhas da biblioteca itinerante da Gulbenkian iam aos Canaviais quando o meu pai era moço, ele adorava-as, nunca tinha ido à escola em menino logo não sabia ler, queria um dia aprender, ( o que só aconteceu quando tinha 27 anos) gostava de livros, assim colocava-se na fila e escolhia um pela capa que levava para casa com muito cuidado. Ali folheava-os e ficava a ver as letras, as palavras, acariciava-as, inventava historias à medida que ia passando as folhas e assim ia sonhando com o dia em que iria conseguir saber o que lá estava escrito. Quando ia devolver um, trocava-o por outro. O Irmão Antônio gozava com ele, ele não se importava, dizia-lhe "não sei ler, mas um dia vou saber" e um dia soube. Foram importantes estas carrinhas, até para os meninos que não sabiam ler como o meu pai.

a solidariedade e a caridade, linha tenua-2016

  O meu avô era um homem de convicções fortes e lutou sempre pelo que achava correcto. Quando os filhos eram pequenos e muitos, nesta altura do Natal iam sempre umas senhoras da caridade levar uns cabazes de natal aos Canaviais, para distribuírem às famílias pobres. A família do meu pai era uma das famílias sinalizadas, porem lá em casa a ordem era "ninguém se atreva a ir buscar a cesta quem o fizer leva uma sova". E ninguém se atrevia ate que um ano, um dos filhos mais desobedientes, já farto de não ter uma ceia melhorada como os seus amigos, desobedeceu e chegou a casa com o dito cabaz! Nessa noite a sua ceia piorou consideravelmente, alem da sova foi mesmo para a cama sem comer a sopa de pão que estava programada. Dirão que o meu avô era mau...não, não era. O meu avô defendia e bem, que se os maridos das senhoras da caridade quisessem eles viviam melhor e não precisavam de cabazes, bastava para tal pagarem melhor salários e darem trabalho todo o ano aos trabalhadores e não...

a bolinha de nanha -2019

  Há uns anos dei ao meu pai de prenda de natal,uma árvore genealógica que fiz com as fotografias de todos os elementos da familiar a partir da avó. Emocionado disse -me que era o 2º presente de natal de que mais gostava. Quis saber qual era o primeiro e ele contou-me a historia do seu presente de Natal.Quando tinha 7 anos, ouviu os miúdos mais abastados do bairro dizerem que colocavam a meia na chaminé e que o Menino Jesus vinha de noite e deixava-lhes um presente. Ora o bom do rapaz, que nunca tinha recebido um presente, achou que isso só nunca lhe tinha acontecido porque ele nunca tinha colocado a meia na chaminé. Decidiu que nesse ano iria fazer o ritual da meia e receber o presente do Menino Jesus. O facto é que ele só tinha umas meias e dormia com elas por causa do frio, pensou, pensou e na noite de Natal tinha a solução para a coisa. Depois de estarem todos deitados, levantou-se sem fazer barulho, descalçou uma das meias e colocou-a na chaminé. De volta à cama ao pé coxinh...

o meu pai deu-me um presente depois de partir - 2023

  No dia em que nasci, entrei sem convite de forma abrupta mesmo, na caminhada do meu pai. Ele queria fazer uma caminhada a dois, a minha mãe decidiu que seriamos 3 e eu entrei numa das curvas da sua vida. Entrei na melhor estrada de todas, escolhi bem. O dia em que eu nasci foi o ultimo dia em que o meu pai não quis um ser que fosse dependente dele. Esse foi o ultimo dia de paz do meu pai. A partir dai passou a vida a pensar em me ajudar a ser feliz. Fê-lo durante toda a vida com afinco, mas de ha uns anos a esta parte havia uma coisa que o moia, eu tinha um carro velho. Era, mas como não tinha dinheiro para um novo vivia bem com este meu velho carrango. Dizia varias vezes " queria comprar-te um carro novo" eu brincava e respondia "sim, sim com um lacinho, se faz favor" . No ano passado na noite de Natal disse "um dia destes chega aqui uma surpresa" tentei que me disse-se o quê, como não disse e eu não sou curiosa deixei passar. Em meia dúzia de dias,...

a tecnologia esta a ganhar--2014

  O ser humano deixou de pensar nas consequências dos seus actos, talvez os homens da sociologia consigam explicar e datar este facto, eu não consigo, só sei que o fizemos. Esta nossa mudança tem tido repercussões nas nossas vidas sobre as quais só depois pensamos, ou nem isso. Na inicio da década de 90 quando se começou a massificar a utilização da Internet e os meios de pagamento rápidos, muitos eram os profissionais que insistiam para que os passasse-mos a utilizar. Os primeiros foram os das gasolineiras, depois os dos sistemas bancários e depois todos os outros! Durante vários anos resisti na sua utilização chegando mesmo a explicar a esses funcionários o porquê da minha não adesão ao sistema sei, porque via no seu rosto, que achavam ser implicância minha. Ir ao banco levantar dinheiro, fazer uma transferência ou consultar o extracto no multibanco ou na net era tão mais simples, porque insistia eu em esperar e lhes dar trabalho? Nos postos de combustíveis passava-se o mesmo,...

cheira a fascismo-2018

  A manifestação "Parar Portugal" não parou nem a azinhaga aqui do meu bairro. Aliás em Évora, ate quem a tinha marcado faltou ( esta cidade é um caso de estudo)! O presidente disse que os Portugueses são responsáveis e por isso não foram...eu quero acreditar que não fomos por aquilo cheirar a fascismo até ao longe. Quero acreditar que muitos querem fazer Parar Portugal pelos motivos certos. Eu pelo menos quero...quero Parar Portugal e até a Europa, por menos corrupção, por melhores condições de vida, por maior igualdade social, por uma governação responsável e para o Povo. Alias eu queria mesmo era voltar às cidades estados...Lisboa sabe lá o que o distrito de Évora precisa, muito menos Bruxelas! Nós queremos lá saber das negociatas deles com as multinacionais, o que nos importa é o comercio da loja do lado. Estou mesmo convencida de que se voltássemos às cidades estado, com os imposto da zona era fácil termos uma escola, saúde, infraestruturas e demais necessidades da popu...

sociedades e costumes -2019

  Porque partilho esta historia do Professor? Por 2 motivos... O 1º para que quem nao sabe, perceba o que era a vida da grande maioria das mulheres Portuguesas antes da revolução de Abril. 2º porque apesar de terem sido criados desta forma e terem mais ou menos a idade do professor, os meus pais não cumpriram os papeis que a sociedade lhes mandou. A minha mãe foi trabalhar contrariando a família aos 16 anos. E só casou com o meu pai com o compromisso dele de que não deixava de trabalhar. Começou a frequentar o café, o cinema, reuniões fora de Évora e os eventos sociais sozinha. Se ele não ia, ia ela. Simples assim. Ele por sua vez quando ela não estava tratava de mim, da mae dele, da comida e do que era necessário, na maior tranquilidade e sempre achou bem. Se não tinha que o fazer, saia sozinho, para o teatro, para as associações de que fazia parte, para os jantares com amigos, para os treinos de arbitro, para os jogos e não se apegava a dia santo ou de festa. Estas suas escolhas...

estao a deixar desertificar o interior -2019

  Quando do concurso da educação e depois da cultura, chamei à atenção dos políticos da região para o facto do governo central estar a esvaziar o Alentejo de profissionais, de estar a deixar-nos ao abandono obrigando-nos a ir embora e a despovoar o território, já ele de baixa densidade. Volto ao mesmo tema, desta vez na área da saúde. O Alentejo tem carências enormes nesta área, todos os hospitais e Centros de Saúde estão a rebentar pelas costuras, não tem prfissionais que cheguem e o governo do Superavit abriu para todo o Alentejo, 1/3 do território, 6 vagas para MGF....6 meus senhores! Para o Porto 21, para Lisboa 70, para o Algarve 11 e o Alentejo 6 VAGAS! Senhores autarcas, senhores deputados, senhores políticos das oposições deixem continuar a despovoar o Alentejo e qualquer dia não tem números para se candidatarem! Continuem a enterrar a cabeça na areia e a não criar ondas e vão ver os Venturas deste país a ganharem as eleições de barbeada! Acordem para a vida! Irra será pre...

celeste carvoeira - 2020

  Em meados do seculo 20 (1970) , quando eu era miúda, a zona da Rua de Avis era dividida por estratos sociais, desta forma os largos eram ocupados por bandos de miúdos que se misturavam pouco. O Jardim da Rua de Avis, era onde brincavam os meninos das batas, na maioria acompanhados por babás, oriundos de classes mais favorecidas, mas sem serem ricas. O Largo de S. Mamede, era para os miúdos vindos das classes operarias, o largo dos Estaços reunia os miúdos das famílias que trabalhavam nos serviços e pequenos comerciantes e o Chão das Covas, onde brincavam os putos das ruas, filhos de famílias que tinham profissões pouco remuneradas ou mal faladas. Quando mudei para o Largo dos Estaços, vinha do Pátio do Agunelo, ali para a zona do caminho de ferro onde não tínhamos nada disto, todos brincavam com todos e os pais davam-se uns com os outros independentemente do que faziam ou tinham, entreajudando-se e vivendo quase de forma comunitária. Foi por isso um choque quer para mim, quer pa...

a tampa de sanita azul -2023

  Hoje conto-vos outra historia de Natal, que me veio à memoria, porque ontem uma amiga me mandou uma fotografia da minha filha pequena. Quando ela era miúda, porque numa vida há muitas vidas, eu tinha sempre pouco dinheiro. Estava a começar a trabalhar a recibos verdes, tinha comprado uma casa pela qual pagava mais ao banco que o meu ordenado e tinha um orgulho desmedido ( que felizmente passou) não querendo por isso ajuda dos meus pais. A miúda escutava por isso muitas vezes "a mãe não tem dinheiro". Porque nasceu incrível, nesta altura do ano e noutras, olhava as montras, colocava as mãos atras das costas e em vez de pedir isto ou aquilo repetia a frase "a mãe não tem dinheiro". Não pensem que não me doía, doía, mas achei sempre que era melhor educa-la com a verdade e aquela era a nossa verdade. Por isso, no Natal quando escrevíamos a carta ao Pai Natal, pedia sempre coisas simbólicas, às vezes eu estava melhor e insistia e ela lá pedia algo mais caro, ou mais...

o natal de evora -2014

Imagem
  Os gostos são mesmo coisas difíceis de entender! Ontem escutei alguém falar sobre as actividades de Natal em Évora, Dizia a pessoa, que não sei quem é, estava no Banco a falar com uma amiga, "ate que enfim tiraram as luzes foleiras de aldeia da cidade . Estas das arcadas e a projecçao na igreja, essas sim são dos nossos dias, as outras parecia que estávamos no seculo passado. E acrescentou ... "e o presépio que giro que está na Praça do Sertório" , e "já andas-te no comboio? Eu já varias vezes, esta ate parece uma cidade normal e não uma cidade da parvoíce". Os termos foram mesmo estes.... Hoje chego aqui e vejo um comentário do meu amigo João Cinza a dizer exactamente o contrario, trazendo-me logo à ideia uma coisa que o meu pai me dizia na adolescência " filha agrada-te a ti, porque ninguém consegue agradar a gregos e troianos"! Eu confesso não fossem as Arvores de Natal das rotundas, que não me agradam, gosto das opções estéticas deste Nata, emb...