as radios--2023
Corria o ano de 96 e as rádios, das locais às nacionais começaram a ser compradas pelos grandes grupos empresariais. O lucro como objectivo, a desinformação como proposito. Era ao que vinham.
Começaram, de norte a sul por despedir individualmente ou coletivamente, dependendo dos casos, os locutores de continuiedade, aqueles que falavam com os ouvintes directamente, os que tratavam da educação, cultura com tempo, com calma. Alvos a abater, foram fáceis de tirar de cena, as horas de musica gravadas, as play list feitas por um qualquer diretor de programação, com o intuito de receberem grandes somas das grandes empresas discográficas. Fez-se um movimento, pequeno reconheço, de luta contra o que estava a acontecer, mas não resultou, os locutores de continuidade de peso, não se juntaram, estavam bem na vida, não pertenciamos ao sindicato dos jornalistas, apesar de alguns o sermos, logo não tivemos direito a defesa. Quem podia fazer barulho, os nossos colegas jornalistas, não se colocaram do nosso lado, nós sempre fomos insignificantes para a classe, gente que não trata da politica, é gente menor.
Muitos, que contactei naquela altura, chegaram a dizer-me, " que interesse tem um papagaio à frente do microfone", respondi-lhes que "agora somos nós, depois vão vocês". Riam! Eram imprescindíveis, diziam!
A vida veio provar, infelizmente, que tinha razão. Não há imprescindíveis, o ataque começou pelos que estavam em frente aos microfones, uns anos depois com a automatização aos técnicos e por fim aos jornalistas.
Eles sabiam o que estavam a fazer e "nós" deixamos porque não ficamos ao lado uns dos outros, o mea culpa é generalizado, deixamos "matar" comunicação social, ficamos entregues a gabinetes de propaganda, quer cultural, politico ou social!
Como diz o poeta "agora vieram buscar-me a mim, e já não havia ninguem para me defender"
Salvemos as que ainda se podem salvar, não fiquemos indiferentes, perdemos todos se assim for!
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