a solidariedade e a caridade, linha tenua-2016

 O meu avô era um homem de convicções fortes e lutou sempre pelo que achava correcto. Quando os filhos eram pequenos e muitos, nesta altura do Natal iam sempre umas senhoras da caridade levar uns cabazes de natal aos Canaviais, para distribuírem às famílias pobres. A família do meu pai era uma das famílias sinalizadas, porem lá em casa a ordem era "ninguém se atreva a ir buscar a cesta quem o fizer leva uma sova". E ninguém se atrevia ate que um ano, um dos filhos mais desobedientes, já farto de não ter uma ceia melhorada como os seus amigos, desobedeceu e chegou a casa com o dito cabaz! Nessa noite a sua ceia piorou consideravelmente, alem da sova foi mesmo para a cama sem comer a sopa de pão que estava programada. Dirão que o meu avô era mau...não, não era. O meu avô defendia e bem, que se os maridos das senhoras da caridade quisessem eles viviam melhor e não precisavam de cabazes, bastava para tal pagarem melhor salários e darem trabalho todo o ano aos trabalhadores e não virem depois no Natal com estas migalhas para mostrar a sua religiosidade e aliviar os seus pecados!

Eu concordo com o meu avô! Bem sei que a linha que divide a solidariedade e a caridade é ténue para o ser comum, não para o meu avô, mas para a malta de esquerda, como eu, esta está bem sinalizada e não nos atrevemos a passa-la...

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