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Mostrando postagens de outubro, 2021

resistência pacifica

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  Acredito na resistência pacifica! Nunca consegui cumprir ordens com as quais discordo na essência, isso tem dificultado a minha vida, mas tem-me dado muito prazer! A semana passada estive a trabalhar numa câmara que esta sob o PAEL. Um acordo feito entre o estado e os municípios que tem dificuldades financeiras. Este acordo tem muitas clausulas, entre as quais as de impossibilitarem o apoio aos agentes, as artes, desporto e área social (no que não for fundamental). Também as impossibilita de adquirir alguns serviços e de fazer contratações.Resumindo, este empréstimo que o estado fez às câmaras que necessitavam, proibias de cumprir alguns dos papeis para os quais foram criadas e que estão consagradas na constituição! As Câmaras podem ser contra, mas cumprirem este acordo, ou resistirem esta nas suas mãos! A câmara da qual falo resolveu resistir e sem deixar de cumprir as regras do PAEL, fez um concurso para os agentes do concelho (culturais, desportivos e sociais). Este concurso d...

Pros e Pros

  Esta noite em Lisboa há gente a esfregar as mãos de contente...Não há nada que agrade mais aos políticos do que a divisão entre as pessoas...alias eles dividem para reinar! Ora uma região que é a maior do País, que é das que tem aumentado mais as exportações, que tem 5 dos principais produtos do PIB nacional, que tem tido um dos maiores aumentos no turismo, se estiver unida, mesmo com pouca população seria um problema...mas não somos... Não somos porque somos burros e estamos ainda na luta de capelinhas, Beja contra Évora, os dois contra Portalegre! Porque me dou com gente que pensa no Alentejo como região não esperava ouvir pessoas que tem a obrigação de ser atentas, esclarecidas e cultas, fazer a apologia da guerra contra Évora para reivindicar um comboio, uma autoestrada e um aeroporto a funcionar para Beja, reivindicações que eu como eborense assino em baixo! Prestou o humorista de Beja, com a sua raiva contra Évora, um péssimo trabalho para o baixo Alentejo e para todos os ...

Este povo a que pertenço

  O BBVA encheu-se para escutar o Cante. Esta imagem aquece o meu coração. Quando há 30 anos comecei a trabalhar com as gentes do baixo Alentejo e a aprender o que era esta coisa do cante, quando conheci Pedro Mestre, tinha ele 14 anos, quando escutei pela primera vez a campaniça, nunca nos meus sonhos mais positivos pensei ver esta gente toda de pé para homenagear o Cante e o pequeno tocador da viola campaniça. Foi um trabalho de décadas, foi a dedicação de muitos, foi a perseverança e o amor a esra forma de cantar que nos marca que conseguiu este feito. Foi Pedro Mestre com os seus ilustres convidados que estiveram em palco, mas os parabéns sao para um povo inteiro. Um povo esquecido por Lisboa, um povo que se agarrou à sua cultura, ignorada e mal tratada pelas elites locais, regionais e nacionais, um povo que nunca se vendeu às culturas da moda, que batalhou em grupo, que se juntou e fez com que os homens dos poderes tivessem que olhar para a sua forma de cantar e tocar. É este...

O Pao De deus

  O halloween não me diz nada, já o Pao por Deus sim. Não só por mim que quando gaiata ia com os meus amigos de porta em porta pedir o "Pao por Deus", apesar da minha casa ser a mais apetecida, visto que a minha mãe dava imensas pastilhas, chocolates e rebuçados, não trabalha-se ela na Fabrica das Pastilhas, mas e especialmente pelas memórias que tenho da minha avó Zulmira e das que o meu pai conta. Conta o meu pai, que pedir o "Pao por Deus" era a única altura em que o meu avó Aníbal deixava os filhos pedirem, no resto do ano apesar da fome que passavam, estavam proibidos de o fazer. Diz ele que apesar disso lhe custava juntar aos outros e ir de herdade em herdade pedir e custava-lhe porque muitos agrários faziam má cara, davam coisas estragadas e alguns até mandavam o feitor correr com os bandos de miúdos. Mas também havia os outros, ele relembra com muito carinho o Ramalho, que eu cheguei a conhecer. Diz ele que dava alem dos doces e frutos da época, que alegrava...

Pequenas falcatruas que fazem deste um pequeno país

  Há uma característica de nós enquanto povo, que é histórica que sempre me irritou e acho mesmo que nos prejudica, passo a explicar...esta coisa de recebermos uma ordem, lei, um trabalho, que sabemos logo que não vai funcionar ou que não se pode fazer mas que para não afrontar, entrar em conflito ou simplesmente por falta de coragem, resolvemos de forma a tornear, aldrabar, improvisar ou mesmo em casos extremos enganar é danosa. Esta minha "raiva" contra esta característica sinto-a desde o liceu. na época tive um professor que gostava de mandar trabalhos sobre os temas e decidia o numero de paginas...um trabalho sobre não importa o quê com 100 paginas, por exemplo. Ora havia temas que não davam nem para 20, mas os meus colegas em vez de apoiarem a minha ideia de fazer o trabalho com o numero de folhas correspondente e explicarem que aquilo não dava para mais resolviam tornear aquilo e lá vinham os parágrafos entre aspas de quem já tinha falado sobre o tema, ou opiniões de ...

Saude mental e as artes

  Quando as coisas ficam difíceis temos tendência a esquecer porque escolhemos fazer o que fazemos. Mas ,há dias em que por sorte nos relembramos e a felicidade nos invade. Ontem aconteceu-me isso no Teatro Garcia de Resende. Ao assistir à peça do grupo de teatro do Hospital Miguel de Lemos, o peito encheu-se-me de um amor imenso pelas artes. A entrega dos utentes do hospital, a paixão em palco, acarinhou o meu coração. 25 pessoas entregaram-se à arte de Molière como muitos actores profissionais não fazem. A técnica teatral pode não lhes garantir um globo de ouro, mas garantiu-lhes a ovação de um teatro cheio todo de pé. E depois, há saída os sorrisos de felicidade, coroaram as suas excelentes interpretações. Mas não foi só a peça que compensou todo o meu trabalho. O Curso de Psicologia, da universidade de Évora também me deu uma alegria imensa. Os veteranos daquele curso fizeram ontem uma praxe aos novos estudantes. a praxe escolhida...Ir ao Teatro! 50 novos alunos, 50 novos habi...

slow food

  Esta na moda por todo o país, já passou por Évora e agora foi para Beja um "novo conceito" de cozinha. A slow food. Ora o que é isto? Vem um chefe de renome, pega nos produtos da época comprados aos seu amigos das hortas biológicas, umas carnes também elas de alimentação biológica, cozinha uns pratos tradicionais da região, coloca-lhe uns nomes esquecidos, do tipo " Arroz aromático com toucinho de porco em cama de rúcula" , coloca uma porção mínima no meio do prato e faz uma decoração artística, e vai dai 70€, pela coisa! E o povo vai em massa e faz fila! Ora isso, faz a minha vizinha aqui da tasca, e todas as Tia Maria de todo o Alentejo, há décadas! Vai à horta, que só leva estrume e agua, trás os produtos da época, tempera a galinha que só comeu o que da horta sobrou, e faz um prato divinal. Há hora da janta sentamos á mesa e comemos ate fartar com muita calma! Aqui esta slow food a 10€! O que eu não vejo é noticias sobre a tasca da ti Maria, nem excursões par...

O café Portugal

  Nos últimos dias varias pessoas tem publicado algumas fotografias do Café Portugal. Durante anos não se viu nenhuma e agora elas começam a ver a luz dos écrans. Parece ate uma espécie de pazes com o Café e com as nossas memorias. Sim, porque ele deixou-nos órfãos! Órfãos de família (os amigos que ali se reuniam todos os dias), órfãos de companheiros ( os conhecidos que connosco se cruzavam a toda a hora). Órfãos de partilha ( pela quantidade de coisas que ali se debatiam). Nunca mais existiu um espaço como aquele, onde a democracia fosse tao efectiva, onde a liberdade fosse mais praticada e onde as ideias eram tao debatidas. Ali se encontravam ricos e pobres, velhos e novos, doutores e dealers artistas e empregados do comercio, estudantes e vadios. Ali todos se sentiam parte importante da vida do espaço, qualquer um entrava na discussão da mesa do lado e botava discurso. E tudo podia ser falado, desde as novas teorias filosóficas, às discussões sobre a festa da noite anterior! T...

Queda do muro

  Em 1989 estava na radio, vivia por isso a par das noticias do mundo, das suas evoluções, dos seus problemas. Estou em crer que nessa era sem net todos estávamos mais informados, mas pode ser só uma coisa minha. Seja como for assisti, fiz reportagem e fiquei feliz com a Queda do Muro de Berlim que caiu a 9 de Outubro de 89. Caia o muro da vergonha da Europa, caia o muro que dividia famílias, caia o muro que dividia um país, caia o muro que nos continuava a lembrar a 2ª guerra mundial, caia The Wall. Festejando o muro como todos os democratas, lembro-me que disse aqui aos meus parceiros que "talvez isso fosse um problema para a Europa, visto que a Alemanha sempre que estava junta fazia merda!". Os anos passaram as lembranças do muro e do porquê da sua existência foram abandonando as memorias dos Europeus e no inicio do seculo 21, a Europa já era refém da Alemanha de novo. Era ela que mandava, era ela que imponha as regras, era ela que geria o dinheiro. ;Merkel a mulher que...

campo de concentração

  Há coisas muito irónicas...no dia em que o partido nazi volta a ter acento parlamentar na Alemanha, eu fui levada por um polaco a Auschwitz/ Birkenau e se o 1º é mau o 2º é péssimo. Já vi muitos filmes, li muitos livros e estudei esta parte negra da historia mundial, mas nao estava preparada para escutar tudo aquilo quase na 1ª pessoa. Tudo pesa, desde o museu, objectos pessoais, as salas, os retratos e os nomes dos mortos, mas nada se comparou ao escutar " agora vamos fazer o caminho que os meus fizeram ate às câmaras de gás" ali levei o maior murro no estômago de que me lembro...ate pensei ser o maior... O silencio do caminho faz as pernas pesarem e os passos tornarem-se mais lentos, como se tivesse medo da chegada...aquelas ruínas causam pánico, ali morriam aos milhares sem se saber o porquê. E os passos continuam lentos, o polaco vai apontando os espaços do campo, vai contando a historia da sua família, de si próprio... "aqui dormiam as 700 crianças polacas que não...

o estudo

  Fez em Setembro 28 anos que entrei com a minha filha pela primeira vez em S. Mamede. Meses antes, tentei convence-la a não entrar na escola nesse ano, mas foi impossível e assim lá entrou ainda com 5 anos. Apesar de querer muito ir para a escola, na véspera não dormiu nada de jeito, esteve mal toda a noite e de manha deitou fora todo o pequeno almoço. Estava tão nervosa naquele 1º dia que eu fiquei as 2 primeiras horas na escola, não fosse ela piorar. Depois o nervosismo passou e a escola passou a ser algo natural e de que gostava muito. Gostava tanto que passou os 28 anos seguintes sempre a estudar...e não pensem que foi por repetir de ano pois nunca reprovou, passou realmente 28 anos a estudar, foi obra. Ontem, 28 anos depois daquele 1º dia de aulas, eu estive todo o dia ao seu lado a assistir às suas provas orais, senti-me dentro do filme do "vasquinho da anatomia e o seu famoso esternocleidomastóideo". Ontem, ao contrario dela fui eu que quase não dormi, que estive mal...

siria

  amos então à questão Síria... As coisas estão há meses a ferro e fogo! As pessoas fogem em bardos! Alguns países da Europa fazem muros para que os Sírios não possam passar! A fome, a miséria e a morte propaga-se por todo o País! Meia dúzia de miseráveis mal armados resistem sozinhos ao ataque do Estado Islâmico! O mundo fala, fala, fala, mas não toma uma atitude, deixa o caos continuar e discute a quantidade de sírios que cada país pode receber, como se de mercadoria se tratasse! Os meios de comunicação fazem parecer que os Sírios estão a imigrar para a Europa! As populações tornam-se xenófobos! O medo dos muçulmanos é propagado pelos partidos nazistas e pega! A guerra civil aumenta diante dos olhos da Europa e dos Estados Unidos e nada acontece! Reuniões de lideres são adiadas sempre para "o mês que vem"....e o tempo passa, os mortos aumentam, a fuga continua! A Rússia entra a matar e lança ataque aéreo e terrestre na Síria! O mundo reúne-se já amanha para ver o que se vai...

engoli um sapo

  Lembro-me como se fosse hoje das eleições de 1986, nunca estive tão ligada a umas presidenciais como naquele ano. O meu pai fez campanha por Ângelo Veloso e a minha mãe por Maria de Lurdes Pintassilgo. Andava indecisa, gosta de Pintassilgo mas sempre tinha votado no candidato do PCP, o meu pai sugeriu que acompanhasse as duas campanhas e decidisse. Ângelo Veloso desistiu e simplificou a minha tarefa . Mas a segunda volta foi dramática, de um lado Soares do outro Freitas. Não queria nenhum. Álvaro Cunhal veio a publico pedir que se "engolisse o sapo" e se votasse em Soares. Embora percebe-se as razões dele e ate concorda-se, resisti. Disse que não iria votar. No dia de voto, todo o dia me chatearam, "porque era preciso", " porque Freitas ganhar era péssimo para o País", etc, etc. A minha amiga Cita Pires , esteve quase toda a tarde a moer-me e bem perto do fecho das urnas lá corri para S. Mamede, fui a ultima pessoa a votar, depois as urnas fecharam! Vote...

Zuza Homem de Melo

  Deixou-nos hoje um dos homens mais importantes no estudo da música do Brasil. Jornalista, critico, radialista, produtor e incentivador das artes, Zuza Homem de Melo, foi um nome de que ouvi falar durante muitos anos e que tive o prazer de conhecer no armazém 8 ha´5 anos, quando estando de férias em Évora foi assistir a um espectaculo. Travamos conhecimento de uma forma sui generis, ele chegou com a mulher, nao o reconheci pois apesar de conhecer o seu nome nunca lhe tinha visto o rosto, pediu para conhecer o espaço o que fiz com todo o prazer e fomos falando de cultura, arte, dificuldades e prazeres. assistiu ao espetáculo e despediu-se com uma frase que não estranhei "vamos ficar em contacto". Logo que saiu o artista da noite que estava por ali veio a correr dizer-me "O Zuza estava aqui?" Quem? Pois la´ me mostrou a foto e sim era o Zuza. Fiquei de repente envergonhada. Que falha a minha...mas já tinha sido. Uns meses depois recebo um mail com uma digitaliza...