Este povo a que pertenço
O BBVA encheu-se para escutar o Cante. Esta imagem aquece o meu coração. Quando há 30 anos comecei a trabalhar com as gentes do baixo Alentejo e a aprender o que era esta coisa do cante, quando conheci Pedro Mestre, tinha ele 14 anos, quando escutei pela primera vez a campaniça, nunca nos meus sonhos mais positivos pensei ver esta gente toda de pé para homenagear o Cante e o pequeno tocador da viola campaniça. Foi um trabalho de décadas, foi a dedicação de muitos, foi a perseverança e o amor a esra forma de cantar que nos marca que conseguiu este feito. Foi Pedro Mestre com os seus ilustres convidados que estiveram em palco, mas os
parabéns
sao para um povo inteiro. Um povo esquecido por Lisboa, um povo que se agarrou à sua cultura, ignorada e mal tratada pelas elites locais, regionais e nacionais, um povo que nunca se vendeu às culturas da moda, que batalhou em grupo, que se juntou e fez com que os homens dos poderes tivessem que olhar para a sua forma de cantar e tocar. É este povo orgulhoso do que é seu, que não dobra, que não se vende, que não quer honrarias a que eu pertenço. Estive com eles durante muitos anos, estou com eles agora cada vez que consigo e eles tem-me retribuído com amor e carinho. Estes são os "agarradinhos" que tantas vezes coloquei a cantar por este país, contrariando alguns vereadores e alguns responsáveis da cultura. Estes são o Povo que Canta, como só os alentejanos sabem cantar. Estes são os cantadores do Canto Chão, o que é património da humanidade, o que é do baixo Alentejo, o que eu amo escutar! Parabéns
a todos!
Comentários
Postar um comentário