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Mostrando postagens de dezembro, 2021

2018

  Hoje foi dia de limpar a casa, deitar fora a tralha que só serve como peso e fazer balanço... Este ano fiz coisas lindas, trabalhei com gente incrível, participei em projectos muito bonitos, fiz parcerias com gente que tal como eu quer melhorar o mundo. Também conheci gente que nada vale, trabalhei em coisas que correram menos bem e tive apertos difíceis...mas esses são o tal "peso" de que me livro e que deito para trás das costas, porque o negativo não se me cola. Tomei sustos grandes, a Midus caiu e veio mostrar-nos a nossa debilidade como seres vivos. Isto fez-me apegar mais aos que amo, já que amanha posso não estar cá ou não os ter. fez-me encarar algumas coisas sobre outra perspectiva e fazer concepções em coisas que fazem os outros felizes e que não beliscam a minha forma de ser. Cruzei o Oceano o que me fez sentir mais portuguesa, coisa que nunca tinha sentido. Fui avó a tempo inteiro o que me fez aprender a gerir melhor o tempo ( sim porque isto de tomar conta do n...

a prima Chiquinha

  No tempo em que eu era miúda, na semana entre o natal e o ano novo tínhamos duas visitas obrigatórias. Enfiados no mini do meu pai marchávamos, eu, ele, a minha mãe, a MÉ (minha mãe da casa) e o David (o marido), primeiro para a aldeia da minha mãe, a aldeia da Venda, ali para os lados do alandroal e depois para o Monte Novo, no Couço. Era a visita de boas festas às famílias de ambas as mulheres. Partíamos de madrugada e voltávamos já´ noite cerrada. as paragens eram sempre as mesmas, ir a esta ou aquela prima, a esta ou aquela amiga, a este ou aquele lugar. O almoço era sagrado e por vezes era preciso sair a correr de alguma casa para chegar na hora marcada. Na aldeia da minha mãe em casa da minha bisa Antónia, no Monte Novo em casa da prima Minda. Tanto uma como outra faziam os melhores pratos, traziam as melhores iguarias e juntavam a família para almoçar connosco. Era uma festa. Depois do almoço no Monte Novo, seguíamos para o Couço para visitar mais parentes e só no fim do d...

natal da avó zulmira

  O natal da minha infância já vai longe mas está na minha memoria como se fosse ontem. Na minha casa sempre se fez o presépio, a árvore entrou já eu era adolescente. Retirava-se algum móvel do lugar, ia-se ao musgo ali para a estrada da Igrejinha, colocavam-se as figuras no lugar, sem o menino nas palhinhas que esse só chegava na Noite de Natal e ao longo dos dias iam-se aproximando os reis magos da cabana. Um ritual que repito até hoje, com excepção do menino que fica logo no lugar desde o inicio. Depois as prendas iam aparecer em cima do fogão da minha mãe dentro da chaminé no dia 25 de Dezembro. Já na casa da minha madrinha as coisas não eram bem assim, o presépio não entrava mas a árvore de Natal sempre foi figura principal. Ela decorava-a com fitas e bolas e o meu primo Zézinho, rapaz que sempre teve pelo dinheiro um amor doentio, pendurava notas de 20, 50 e 100 escudos aos ramos com molas da roupa. Sempre achei horrível aquela sua árvore, se não era para ter chocolates para...

O Natal da tampa de sanita

  Quem me conhece sabe que não gosto do Natal, tenho as minhas razoes e não finjo só porque fica bem. Mas enquanto a minha filha foi pequena fiz desta época uma altura de festa, não queria influencia-la com o meu desagrado e passar-lhe este meu azedume pela festa cristão, então fui-lhe passando a festa do Solsticio, aquela festa ancestral apoderada pelos católicos e corrompida com presentes. Nessa noite o Pai Natal era uma figura mítica que escondia os presentes pela casa, obrigando-nos a correr de lugar para lugar à sua procura. Cada um vestido de uma figura à sua vontade, desde a rena, ao duende, lá íamos descobrindo as prendas...uma de cada lista feita anteriormente...nunca mais que uma. E que prazer era vê-la receber a prenda sonhada. Um ano olhando para a lista dela vi um pouco atónita que pedia uma tampa de sanita para a sua casa de banho...uma tampa azul e que não fosse fria...só rindo mesmo. Foi o único ano em que lhe dei duas prendas, sim porque me pareceu que merecia mais...

As caçadas

  Na década de 80, com o inicio das reservas de caça o restaurante dos meus pais, porque a minha mãe cozinhava muito bem caça e espécies estranhas , começou a ser contratado para fazer almoços em caçadas. Era uma logística complicada, levar cozinhas, loiças, mesas, cadeiras, e toda a tralha necessária para servir almoços que às vezes tinham mais de uma centena de participantes Preparar comida em espaços sem agua canalizada, sem luz e às vezes no meio do campo não era pêra doce. Mas era necessário já que eles estavam a começar e aqueles serviços eram muito bem pagos. Logo ao segundo almoço o meu pai estava pronto para não aceitar mais nenhum. O homem ficou horrorizado com a quantidade de peças de caça mortas em apenas uma manha, para ele que nem quando em pequeno passou fome foi capaz de matar bichos para comer, aquilo foi uma tortura, durante vários dias nem vontade tinha de comer. a minha mãe, mulher pragmática e que era quem geria o negocio, nao tendo esse tipo de relação com os...

contra o cc

  Ontem na Assembleia Municipal foram a votação duas propostas que me são muito caras. A cidade livre do Tratado Transatlântico , TTIP (Transatlantic Trade and Investment Parternship), que foi aprovada o que me trouxe uma enorme felicidade. E a venda dos terrenos às Portas de Avis para a construção de um grande espaço comercial, que também foi aprovado apesar do meu voto ter sido contra. A democracia é isso mesmo, a maioria decide e eu aceito a democracia, quer ganhe como no 1º caso quer perca como no 2º. Quanto a minha posição sobre o Centro Comercial o que tenho a dizer foi aquilo que disse na Assembleia Municipal e que aqui vos deixo! " Não tenho certezas absolutas sobre nada, por tanto sobre este assunto também não, mas depois de todas as reuniões , especialistas que escutei e artigos que li, em nenhum consegui os argumentos que me fizessem votar favoravelmente esta proposta. Voto contra a vendas dos terrenos às Portas de Avis por achar que um edifício comercial desta nature...

as ostias

  Faz por esta altura anos que fiquei de castigo durante 5 horas deitada no chão da nave da Igreja de S. Francisco...quando estava no colégio de freiras, nas alturas mais importantes para a fé nós, acompanhadas pelas freiras, íamos limpar e decorar a Igreja. Era uma tarefa dificil para meninas de tão tenra idade mas era obrigatório. Eu sempre que fazia as hóstias no colégio tirava às escondidas umas quantas pois gostava do seu sabor, ora numa destas idas, o padre por esquecimento deixou a Âmbula à vista e com hóstias lá dentro, sem lhes conseguir resistir e temendo ser vista comecei a devora-las, estava de boca cheia quando fui apanhada pelo páraco, que me pegou pela orelha e me deu um valente raspanete sobre o pecado cometido. Com a orelha vermelha e envergonhada pelo mal feito lá escutei o castigo e em vez de padres nossos e avé marias, tinha que ficar deitada no chão da nave de barriga para baixo ate ao por do sol. Um suplicio para quem como eu sempre foi muito friorenta, acho ...

cavalo a prenda de Natal

  agora que se aproxima o natal, deixo-vos uma historia e um pedido, deão aos outros o que eles querem, se souberem, e não o que vocês querem. Dar prendas é um acto de carinho. a minha mãe passou o 1º Natal com os pais quando ja´ tinha 8 anos, antes passava-o com os avós maternos e 6 tios solteirões na aldeia, com quem vivia desde que tinha nascido, não importa agora porquê. Como no resto do ano, no Natal eles enchiam-na de mimos e de todas as prendas que ela queria e outras que nem sabia que queria, afinal era a sua princesa. Quando fez 8 anos o irmão, mais novo 3 anos, convenceu-a a ir viver com ele, os pais e a irmã mais velha para a herdade na Serra d'Ossa, passando por isso la´ o seu 1º Natal. Da aldeia vieram na véspera os avos e os tios. Passaram a consoada e no dia 25 de dezembro, era nesse dia de manhã que se abriam as prendas, foi abrir as imensas prendas que lhe tinham trazido. Quando já todos tinham desembrulhado as prendas, o meu avó António, pai dela disse-lhe que f...

Os fugidos da guerra civil e a sua ultima morada

  Soube há pouco que na terra da minha mãe já não há lugar no cemitério ...não percebi, uma terra tão pequena como não há lugar? Pois não há! De há uns anos para cá muitos são os espanhóis que ali querem ficar...A historia é simples, durante a guerra civil espanhola muitos fugiram para Portugal e ao contrario das terras à volta na terra da minha mãe os habitantes, incluindo os GNR's, escondiam os espanhóis, fizeram mesmo casas subterrarias por baixo das suas para os esconder. Alimentaram-nos ate poderem ou quererem seguir viagem. Nenhum dos espanhóis ali chegados foi devolvido a Espanha ou morreu. Uma terra de gente pobre, onde a terra nada dá, deu para proteger e alimentar gente que fugia à morte. Agora querem voltar para a terra que os protegeu. Isto fez-me recordar uma outra historia, na mesma altura por cá, os proprietários das terras tinham grupos de homens que varriam os campos todas as noites à procura dos espanhóis fugidos, encontrados eram depois trazidos amarrados para É...

Will o Pastor alemão

  Gosto...Will foi o 1º Pastor Alemão que conheci e o único com o qual brinquei em criança, era o cão guarda do Fomento Eborense. Um cão pronto a atacar que farejava os sacos e bolsas de quem entrava e saia da fabrica. Gostava de poucas pessoas. mas gostava do meu pai ( quem não gosta?) com quem brincava e ao colo de quem se deitava, para surpresa ate dos patrões. Como se soubesse que eu era sua filha era meu amigo, brincávamos juntos, passeávamos pela fabrica, eu ás suas cavalitas e ele sempre muito direito para não me atirar ao chão, se bem que às vezes lá via alguém a quem tinha um ódio de estimação e eu aterrava no cimento...uma dessas pessoas era a minha mãe, Will não deixava que ela chegasse perto de mim desde o dia em que ela me deu um estalo e ele viu, foi um Deus nos acuda, não fosse o meu pai ter mão nele e tinha matado a minha mãe à dentada, nunca mais ela conseguiu chegar perto de mim quando ele estava , eu aproveitei-me disso para comer doces e chocolates à grande...

Discurso de Aniversario - Cultura e Lisboa

  A pedido de vários associados e amigos, aqui fica o que disse ontem nas comemorações do aniversario. Não é o politicamente correcto, mas é o que me vai na alma e eu só sei ser assim. Os agradecimentos, são todos merecidos! " Hoje entregamos o Prémio José Melo “ Coragem de Ficar” nunca este prémio fez tanto sentido como agora. Coragem de ficar é realmente para quem ama esta terra, a sua cultura, as suas gentes. Nada nos é facilitado, Lisboa sempre nos deixou fora dos apoios, sempre nos cortou as asas do crescimento, por medo ou apenas para ter aqui o seu parque temático, com boas paisagens, boa comida, sossego e claro lacaios compensados por trocos, que mesmo assim agradecem pois o que há é pouco. E por cá, os de cá sempre foram preteridos pelo que vem de fora...porque de fora parece vir o que é bom, a sabedoria, a qualidade, a modernidade. De fora só vêm coisas extraordinárias e iluminados...enquanto por cá só existe gente de fraca qualidade.... É por isso preciso coragem em d...

Os Cabazes de Natal da Avó Zulmira

  Hoje dei com a minha mãe já às voltas com os cabazes que prepara desde sempre para dar a este ou aquele que tem pouco para por na mesa do Natal. Nao me lembro dela sem os fazer só mudam as moradas de quem os vai receber, uns porque já´ não existem, outros porque nesse ano não precisam, mas ela sabe sempre de alguém que precisa e la´ os arranja. Esta tradição foi-lhe passada pela avo com quem vivia e que o fazia, mandando depois as netas entregar a quem deles necessitava. Esta sua azafama de hoje lembrou-nos uma historia da minha avó Zulmira, sua mãe que também o fazia, mas que tinha que enganar o marido para poder cumprir a tradição familiar. a minha avó era uma santa criatura, vinha de uma família abastada mas que tinha um coração imenso, porem a senhora encheu-se de amores pelo meu avô que era um homem também rico, mas um ser humano que tinha no lugar do coração uma pedra O contraste era tao grande, que a minha tia- avó Maria Real, irmã do meu avô, ate no dia do casamento pedi...