Os fugidos da guerra civil e a sua ultima morada
Soube há pouco que na terra da minha mãe já não há lugar no cemitério ...não percebi, uma terra tão pequena como não há lugar? Pois não há! De há uns anos para cá muitos são os espanhóis que ali querem ficar...A historia é simples, durante a guerra civil espanhola muitos fugiram para Portugal e ao contrario das terras à volta na terra da minha mãe os habitantes, incluindo os GNR's, escondiam os espanhóis, fizeram mesmo casas subterrarias por baixo das suas para os esconder. Alimentaram-nos ate poderem ou quererem seguir viagem. Nenhum dos espanhóis ali chegados foi devolvido a Espanha ou morreu. Uma terra de gente pobre, onde a terra nada dá, deu para proteger e alimentar gente que fugia à morte. Agora querem voltar para a terra que os protegeu. Isto fez-me recordar uma outra historia, na mesma altura por cá, os proprietários das terras tinham grupos de homens que varriam os campos todas as noites à procura dos espanhóis fugidos, encontrados eram depois trazidos amarrados para Évora e durante dias ficavam presos por correntes a pão e agua nas portas de Alconchel. Entregues à Guarda Civil espanhola lá seguiam para a Praça de Touros de Badajoz para serem mortos. Os tais senhores que mandavam na cidade, seguiam para lá como convidados do regime de Franco para assistir à matança. Muitos, traziam depois para casa frascos com álcool onde dedos, línguas e outros pedaços do corpo dos espanhóis que tinham ajudado a matar, serviam de recordação. Em muitas casas senhoriais desta cidade ainda há hoje recordações desses tempos. Dois tipos de gente do Alentejo tão distintos nos sentimentos para com o seu semelhante. Duas terras tão próximas e tão distantes na sua forma de actuar! Évora, tal como no tempo da Inquisição era o lugar onde se vinha para morrer, já por terras de "Sacaios" se ajudava a viver!
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