e a maluca sou eu
A Évora da minha adolescência era uma cidade ainda mais conservadora do que é hoje. Não eram muitas as meninas da minha idade que frequentavam os bares ou os cafés. Ao cinema iam acompanhadas das mães. Frequentavam as pastelarias ou salões de chã e nunca frequentavam o Café Portugal ( isso era só para adolescentes malucas ou drogadas). A noite era-lhes vedada a não ser a ida ao baile acompanhadas devidamente. As amizades com os rapazes só na escola ou numa ou outra festa de domingo há tarde. Por isso durante o dia desforravam-se e faziam coisas que jamais passariam pelas cabeças dos seus progenitores. A feira de S. João era por isso um espaço onde se esbaldavam. Passavam as tardes nas pistas e nos carroceis, provavam bebidas alcoólicas e flertavam com os rapazes da feira. Eles davam-lhes senhas e fichas e elas davam-lhes conversa. Para quem estava preso o ano inteiro aqueles momentos de liberdade eram o paraíso. Pouco habituadas a estas relações entre géneros era comum caírem di...