evora, uma especie de pouca sorte-2022
Évora é uma espécie de pouca sorte, diziam-me ha uns meses. Será, talvez verdade, mas o que acho mesmo sobre esta cidade que amo é que ela se deixa enrolar por egos que aqui encontram campo fértil. Acho que são esses egos, incapazes de se criar em cidades abertas, livres que aqui se conseguem criar, não sei porquê, não a deixando florescer como podia, como deveria, apesar de estar sempre na linha da frente das boas e grandes ideias, elas morrem, são castradas e transformam-se na frase da canção " foi um sonho lindo, que morreu" e quando vamos a ver já era. Na década da 70 a par da descentralização teatral, nasceu na cidade a escola de formação de atores. Muita gente aqui foi formada que hoje brilha em grandes palcos, os formadores vinham de todas as partes do mundo ensinar a arte da representação, era extremamente conceituada, quem aqui se formava tinha trabalho garantido. Era um exemplo. Uma escola, instalada num lindo teatro, com um grande companhia como suporte. Era o ouro sobre azul. Foi-o assim durante anos. Ate que um dia, um ego qualquer achou que um curso profissional era pouco para o seu estatuto, era necessário passar para o superior. Para tal era necessário deixar o ensino profissional. O grosso dos professores, na maioria profissionais achou que a ideia era fabulosa, dava-lhes estatuto. Os egos inflamaram. Todos aplaudiram, iam ser professores Universitários, afinal não havia licenciados na área, cabia aos profissionais fazer esse papel. De ego em ego a ideia foi tomando forma, de ego em ego foi-se sufocando a Escola Profissional forçando o seu fecho, para abrir logo no Largo ao lado. Assim se pensou e se fez. Era vê-los a abarrotar de orgulho no seu curso superior, no seu salario aumentado. Mas...nos detalhes é que o Diabo ganha, não passaram meia dúzia de anos e das levas de novos licenciados saiam os novos professores do superior e os profissionais, por falta de cartilha acadêmica começaram a ser substituídos. Vinham novos de varias partes, mudavam-se programas e formas de ensino. E do tal curso profissional de referencia não sobrou nem o cheiro. No superior passaram a ser formados professores da arte, já os artistas esses passaram a ser formados noutras escolas que no entretanto se tinham tornado referencia um pouco por todo o País, à cidade não restava senão assistir ao "funeral de mais uma bela e pioneira ideia" . Culpados foram muitos, responsáveis os seus egos.
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