capital de eventos-2018

 No final do século passado comecei a assistir a uma transformação nos departamentos de cultura do norte e centro. Eram criadas umas espécies de "secções" de eventos. Uma coisa para estourar dinheiro, com muitos foguetes, efémera, que davam protagonismo pessoal aos envolvidos e com pouca estratégia cultural, esvaziando os departamentos culturais da sua matriz.

Por essa altura vinha sempre para casa feliz por viver no Alentejo e por ver que por cá essa não era a pratica. A pratica era realmente a cultura. As Câmaras tinham estratégias culturas, recuperavam tradições, cuidavam do património imaterial e edificado, que é o seu papel, e deixavam isso dos eventos com as produtoras. No inicio deste século há medida que as câmaras foram mudando para rosa, esta realidade começou a invadir o Alentejo, em Évora também se fez uma tentativa destas, mas morreu logo a seguir, não sei se por a vereadora ser uma mulher ou se por opção. O que sei é que os eventos de Moda e das telenovelas rapidamente foram abandonados e voltou-se há cultura material e patrimonial. Foi por isso uma surpresa quando me disseram que a câmara se prepara para no novo cronograma ter uma secção de eventos!
Não sei de quem foi a ideia, não sei o porquê disto estar em cima da mesa, mas sei que a cultura não são eventos, que o que Évora precisa é de uma estratégia cultural que crie públicos, que ligue os que trabalham nesta área, que encontre um caminho comum entre as associações, artistas e instituições da área cultural, que conserve o património edificado e faça rotas de divulgação deste, que dê relevância às gentes das artes, que encontre formas de trabalhar com os cursos de artes e historia da universidade, que recupere as tradições eborenses que estão esquecidas, resumindo que faça o papel institucional que lhe cabe e que deixe os eventos para as produtoras. Isto se queremos um dia ser Capital da Cultura...agora se quisermos ser capital de eventos...esta pode ser a estratégia!

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