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Mostrando postagens de junho, 2023

o bater de asas da borboleta

  Diz-se que " o bater de asas de uma simples borboleta poderia influenciar o curso natural das coisas e, assim, talvez provocar um tufão do outro lado do mundo". O efeito borboleta pode demorar a acontecer, mas acontece. Cada coisa que fazemos pode influenciar a vida de todos nós, tenho-o comprovado ao longo da vida. Ha dias viajei com um grupo de pessoas que não conhecia. Fomos para um pais quente, onde beber faz parte das vidas das pessoas e estas com que viajava gostam de beber, de provar bebidas novas, era por isso natural que volta que não volta, entrássemos num bar ou num café para tomarem algo fresco. Não bebo, não gosto, mas acompanho sempre os amigos, assim lá ia entrando com eles. Quem não gosta de bebidas alcoólicas sabe que bebemos um refresco, uma agua, mas depois chega, não dá para andar a beber refrescos todo o dia. Assim fiz o que faço sempre nestas ocasiões, de cada vez que eles bebiam algo eu dava o mesmo valor a um artista que estivesse no espaço, ou a al...

Virgílio Ferreira

  Ontem comemorou-se o centenário de Virgílio Ferreira, o escritor português que escreveu sobre Évora e as suas gentes de forma clara, objectiva e directa. Ontem por aqui muitos foram os que relembraram e homenagearam a sua obra e o seu nome. E eu assinei em baixo. Mas houve um post que me deixou possessa...uma professora de português que conheço empolou a obra do escritor e rasgou-lhe muitos e diversos elogios. Concordo com ela mas mais uma vez comprovei que aqui neste espaço virtual todos são bons, todos fazem o seu papel, o pior é na vida lá fora, onde se influenciam pessoas, onde se transforma a sociedade. Ai, é preciso mais que teclar e dá trabalho. Porque digo isso? Porque a senhora foi professora na escola da minha filha quando estava no currículo o estudo da obra de Virgílio Ferreira. Na época muitas eram as turmas que visitavam Évora e faziam o percurso da historia descrita pelo escritor, vinham de todo o País. Foi por isso com grande assombro que soube que as turmas de Év...

Lobby

  Escutei há dias esta expressão "estou aqui a fazer lobby"...encrespei-me! Quando oiço a palavra ligada às ideias da direita arrepia-me, quando a escuto ligada às causas da esquerda aterroriza-me! Quando é dita pelos homens da economia ou da defesa estremeço, quando dita ligada a causas sociais ou humanitárias estarrece-me! Mahatma Gandhi dizia, temos que continuar a lutar mas sem usar as mesmas armas...eu acrescento e sem utilizar as mesmas palavras ou os mesmos actos. Isto só por si já baixa a nobreza da causa. Só por si mostra as debilidades das pessoas que as encabeçam. As palavras, não são só palavras, elas estão cheias de simbolismo. Este simbolismo jamais me deixaria dizer sobre o que quer que fosse a palavra "lobby". Para mim, para o meu sentido de liberdade, para o meu respeito pelo outro ,o lobby é a encarnação de tudo o que abomino! É o expoente máximo do neoliberalismo desenfreado em que o mundo mergulhou! Resumindo de lobbys e lobistas, quero distancia...

Meninos que dormem na rua

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  a primeira vez que me apercebi que havia gente que tratava os negros de forma diferente tinha 9 anos. Tinha vindo viver para o meu largo uma família de "retornados" como se dizia na época. Fiquei amiga dos miúdos e uma tarde la´em casa a mae resolveu mostrar as fotografias de África. Paisagens incríveis, cidades muito bonitas, animais exóticos, tudo coisas que os meus olhos só estavam habituados a ver na televisão, a paginas tantas mostrou-nos umas fotografias da sua antiga casa e entre elas estava umas de uns miúdos negros, de calções e camisa, sem sapatos, deitados e enroscados num canto da varanda. Eu, que fui sempre muito perguntadeira, quis saber porque estavam eles a dormir na varanda. porque nao dormiam em casa numa cama, a senhora disse-me que a terra era muito quente, que eles gostavam de dormir na varanda porque estavam habituados. Tudo bem, aceitei. Ora uns dias depois estava um calor monumental, peguei na minha almofada e comecei a descer as escadas, apanhada p...

festas de sto antonio largo dos estaços

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  Fez esta noite 42 anos, que participei na organização de um evento pela 1ª vez. Talvez tenha sido ali que a minha vida sem que eu percebe-se tenha tomado o rumo da cultura. a Évora daquele tempo tinha poucas actividades culturais populares, o 25 de abril tinha sido há pouco e tudo o que era popular nao era muito amado pelas gentes da cidade. Um mês antes, numa noite quente de Maio um grupo de miúdos juntou-se no jardim da Rua de Avis para conversar, como fazia habitualmente. E sem se perceber como, no final da noite tínhamos decidido fazer as Festas Populares de Stº António. a escolha do Largo dos Estaços foi óbvia, a maioria morava ali. Deste grupo faziam parte eu, a Vevinha, o Zé Silva, o Zé da Fonte, a Cita, o luis Filipe, o alvaro, o Zé Manuel, a Elsa, o Tó Mané, o Mija, o Nelinho, a Jú,a Toninha e o augusto. Com idades entre os 8 e os 16 anos, tudo nos pareceu simples. E foi. Durante um mês vivemos para colocar as festas de pé.Pedimos autorizações a camara, dinheiro aos co...

quanto mais te baixas, mais mostras o cú!

  A minha avó costumava dizer "quanto mais te baixas, mais mostras o cú!" Porque fui buscar este ditado hoje? Por algo muito simples...ontem mais uma vez foram atribuídas as tasquinhas da Feira de S. João às Associações. A Câmara de Évora tem usado ao longo dos anos esta forma para apoiar as associações (podemos discutir isto noutra hora). Umas horas antes ouve uma sessão de esclarecimento da ASAE, instituição fiscalizadora que tem nos últimos anos imposto às associações, regras e mais regras como se de empresas se tratasse e como se o espaço da Feira pudesse ter as condições das cozinhas dos grandes restaurantes. Este ano, a anedota é ainda melhor, dizem os senhores que nas cozinhas e aos grelhadores das associações têm de haver profissionais credenciados!Ora vamos lá ver...as Associações são recreativas, sociais, culturais e desportivas. Não são de hotelaria ou restauração! Quantas delas têm entre os seus associados cozinheiros? Quantas delas poderão cumprir este requisito ...

Graça Fonseca - a cabeça a rolar

  Graça Fonseca hoje em frente ao teatro nao quis enfrentar as duas centenas de gentes das artes que ali estavam Saiu pela parte lateral e desceu em direcção ao largo do Quartel. Tambem nós descemos a rampa, e nao sei como aconteceu vi-me num largo frente a frente com ela. Foi obrigada a ler o cartaz que levava e viu-se obrigada a dizer-me alguma coisa... O cartaz dizia " Nao pagamos as contas com amor a arte" Graça Fonseca disse-me que "estava a trabalhar para que isso se resolvesse" respondi-lhe " Nao se nota nada" ali frente a frente, num dialogo arrogante de parte a parte, olhamos-nos nos olhos! Nao sei o que viu Graça Fonseca no meu olhar, mas sei o que vi no dela... Medo, tristeza e vergonha. a arrogância estava só na posse e nas palavras, como uma capa de protecção. Foi isto que senti naquela praça onde ela estava sozinha, sim porque ela estava só, e eu acompanhada por mais de uma centena. ali naquele instante senti que estamos a apontar as armas...

Sem problema de consciência.

  Por ser filha única, o meu pai homem com um sentido de igualdade e equidade que não conheço em muitas outras pessoas, sempre me fez praticar acções que contrariassem o egoísmo natural e justo de quem em casa reinava sozinha. De tal forma o fez, que já na adolescência, a minha mae, mulher um tudo nada dada a essa coisa do "meu" lhe disse "estragaste a gaita, agora nada é dela nunca e passa a vida a pensar nos outros" e assim é. Nada é meu e nada quero a maior parte do tempo, mas há dias em que deixo essa veia que todo o ser humano tem correr solta e digo "que se lixe, sê egoísta hoje". Hoje fui, virei costas a tudo o que estava por fazer, peguei em mim e fui viver a Bienal, andei pela cidade a viva-la e a ama-la e dei comigo a pensar " a minha cidade é a melhor do mundo". Hoje não quis saber se aqui ao lado alguém acha o mesmo do seu lugar de nascimento! Hoje não me importou fazer dela o centro do mundo! Hoje esqueci tudo o que de menos bom el...

a BIME - 2019

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  A BIME voltou à cidade....de onde nunca deveria ter saído! Longe vai o tempo da primeira BIME, já não consigo dizer quem teve a ideia de a fazer, só sei que naquele tempo, tinha a minha filha 1 ano, a ideia era grandiosa, arrojada e de dificil implementação devido à escassez de financiamento ( isto não parece ter mudado) foi por isso organizada com o apoio de uma grande rede de amigos. As companhias foram convidadas a custos moderados, conseguiu o Centro Cultural de Évora o financiamento para as viagens e os amigos ficaram incumbidos de alojar e dar de comer aos artistas. Assim se fizeram algumas edições da BIME, que logo na 1ª edição mostrou ser um sucesso. As nossas casas transformavam-se, os quartos cheios de colchoes, as salas invadidas por sofãs. Gente que entrava e saia. Trocávamos ideias, partilhávamos conhecimentos, registávamos novas receitas culinárias. Fazíamos festas ( especialmente na casa da Joao Alface ou da Elsa Gaspar, que tinham muito espaço) onde ca...