a morte de um triciclo

 Encontrei aqui uma imagem que me trouxe à lembrança uma historia de quando eu tinha 4 anos e que pode ajudar muitas famílias com vários miúdos pequenos...

No meu aniversário de 4 anos recebi de prenda um triciclo, era uma coisa cara na época e poucas crianças tinham, como a minha mãe era muito medrosa e vivíamos na cidade só me deixava andar de triciclo na casa da minha avó, nos canaviais. Por isso eu vivia ansiosa pelo domingo, dia de pedalar o novo brinquedo. Logo ao lado vivia a minha madrinha com os meus 2 primos, um mais velho que eu e o outro mais novo. Claro que os meus primos também queriam andar de triciclo, eu umas vezes deixava outras não, umas vezes aquilo corria bem outras nem por isso. a minha mãe nunca se metia na nossa relação com o triciclo, mas os chatos dos meus primos iam a chorar quando eu não os deixava andar e a minha madrinha metia-se sempre e lá vinha ela obrigar-me a emprestar o triciclo, se era o mais velho que chorava dizia "tens que deixar andar o primo que é mais velho" se era o mais novo " tens que deixar andar o primo que é mais novo". Aquilo começou a aborrecer-me. Um belo domingo, não estava lá muito bem-disposta e não emprestei o triciclo

e lá foi o meu primo mais novo fazer queixinhas à mãe, ela lá veio com a frase de sempre " tens que deixar andar o Zezinho que é mais pequeno" ...eu olhei para ela, peguei no triciclo, comecei a bater com ele no chão com toda a força que me era possível e as peças começaram a saltar, a tábua do acento foi a primeira a estatelar-se, depois os pedais, as rodas e por ai fora, quando aquilo já não se parecia com nada parei, olhei à volta e disse alto e bom som " agora não é nem para o mais velho nem para o mais novo, já não há triciclo, ele era meu e fiz o que eu quis com ele", deixei a madrinha, os primos, a avó, a mãe sem saberem o que dizer depois daquele ataque de mau feitio, eu cá fui brincar com outra coisa, feliz e contente. Aquilo poderia ter corrido mal para mim, não fosse a intervenção do meu pai que concordou, era meu fiz o que quis agora já não havia triciclo para ninguém. Ao longo da vida tenho pensado muitas vezes no triciclo, pois a sua destruição deve ter sido a primeira vez em que acuada eu não me rendi e preferi perder uma coisa de que gostava a deixar que uma injustiça fosse feita. Sim porque era uma injustiça, eu ter que emprestar o triciclo sempre porque um era maior ou porque o outro era mais pequeno.

Se tem crianças na família não façam isto porque elas podem não aceitar...

O meu triciclo era igualzinho a este da imagem...as saudades que tenho dele!