alceu valença - 2025

ha muitos anos, quando a minha mae era dirigente do Fomento, numa altura de negociação de salários, ficou acordado ente a entidade patronal e o sindicato das confeiteiras, um aumento de 5 escudos para os operários e 10 escudos para os dirigentes. Vendo essas diferenças, pediu uma reuniao com a entidade patronal, onde expôs o seu descontentamento. Segundo ela, e bem parece-me a mim, os operários que era quem recebia menos, ficavam prejudicados e era portanto melhor fazer-se de forma diferente e aumentar todos o mesmo, ficando estes mesmos assim a receber menos. a patroa argumentou com o seguinte " Antónia quem ganha mais esta habituado a um nível de vida superior, por isso tem que ter um aumento maior, para andar satisfeito e produzir bem. Quem ganha menos ja esta habituado e ate fica contente com os 5 escudos de aumento". Nao a convenceu, como nao estava satisfeita mas nao podia aumentar as operarias, resolveu usar outra táctica. E nos meses seguintes nao pediu a ninguém para fazer horas ou turnos. O que se fazia no horário de trabalho ficava feito, o que nao se fazia paciência, atrasava as encomendas.Quando a patroa se deu conta dos atrasos chamou-a para perceber o porque e ela explicou " D. Fernanda, os dirigentes andam todos satisfeitos com o aumento, nao sei porque nao estao a produzir bem?" a patroa, que segundo a minha mae era uma mulher muito inteligente, deu a reuniao por encerrada e nada disse. Mas no outro dia fez um memorando onde aumentava todos os funcionários em mais 5 escudos, ficando assim todos com 10 escudos de aumento. Nesse mesmo dia a minha mae organizou turnos, horas e em menos de 3 semanas as encomendas voltaram a estar em dia. No final do mes na reuniao de balanço mensal, no fim o patrao pediu-lhe para ficar e disse-lhe " conseguiste levar a tua avante, todos tiveram 10 escudos de aumento. Mas nós sabemos que nem todos precisam do mesmo aumento".
a minha mae ate hoje acha que estava certa, mas parece que há mais gente como os patrões dela,e os anos que passaram sobre esta história.
amanha vou dizer-lhe...