ida a Fatima

Faz hoje 45 anos que fui a Fátima. Partimos de madrugada da Igreja de S. Francisco. Uma camioneta cheia de meninas que se preparavam para ser freiras. Pelo caminho as rezas do costume...muitas porque a viajem foi grande, mas eu devo ter batido uma sorna pelo caminho...já nao me lembro. Chegadas lá encararmos um santuário imenso de gravilha e porque o que doí é que deus agradece, lá ajoelhamos e percorremos aquela imensidão rezando por tudo e por todos. Ainda antes do meio do percurso já as calças estavam em frangalho, os joelhos em carne viva, as lágrimas escorriam pela cara e a escadaria ainda tão longe. Escusado será dizer que rapidamente o sangue escorria e o sofrimento nos feria a carne tenra...as mãos começaram a ajudar na caminhada e tiveram elas um fim pouco amistoso. Encaradas as escadas o tormento já era grande mas ainda tínhamos muito que penar...umas atrás das outras de calças rasgadas, joelhos em ferida e mão escavacadas lá chegamos à santa e lhes beijamos os pés...depois mais reza. Empreender o caminho de volta agora de pé poderia ser visto como alivio mas as dores eram muitas e a incompreensão para o sofrimento maior ainda, foi a primeira vez que maldisse "os meninos da Rússia" Sim porque a nossa penitencia era para salvar esses meninos que eu não conhecia de lado nenhum, alias eu nem sabia onde era a Rússia, durante anos detestei os meninos da Rússia e culpei - os deste meu martírio. Hoje passados 45 anos olhando para as cicatrizes nos joelhos e vendo gente grande a cumprir este sofrimento dou comigo a pensar...Se eles acham que o deus é amor, como podem achar que queira este sofrimento estúpido? Nunca chego a conclusão nenhuma e olhem que já lá vão 45 anos!

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