nao gosto de futebol-2020
Não gosto de futebol, aprendi muito cedo que aquilo era feio. acompanhava o meu pai nos seus treinos e nos jogos que ele arbitrava porque ele tinha o sonho de que a filha fosse a 1ª mulher arbitro, teve que desistir da ideia, nos treinos eu escondia-me debaixo das bancadas do juventude, onde eles treinavam e nos jogos ou vinha a chorar porque tinham sido violentos com ele ou emborrada porque não gostava dos palavrões, sim porque aquilo sempre teve adeptos mal educados, que chamavam palavrões aos jogadores e a quem estava em campo e porque muitas vezes acabava de forma violenta, desde muito cedo passei por isso a perceber que os "demónios internos dos adeptos" se extravasavam ao domingo de forma primitiva. a minha contrariedade era tal que o meu pai desistiu do seu sonho e eu fui libertada de assistir aquelas cenas deploráveis durante alguns anos. Depois, já adulta comecei a ser contratada para colocar som nos jogos inter-freguesias das crianças e confirmei que os adeptos não respeitam nada nem ninguém, muitos foram os palavrões e insultos que escutei pais e mães atirarem para dentro de campo em direcção às equipas contrarias às dos seus filhos, filhos esses que estavam a aprender como se portam os bárbaros em dia de jogo. Há 2 ou 3 historias que nunca me esqueci, uma foi proferida por um pai, depois do seu filho deixar cair com uma finta o jogador adversário, gritou a plenos pulmões, "da-lhe mais Rui, manda-o para o hospital", uma outra uma mae gritava em direcção a um miúdo "filho da p****" e duas filas abaixo a mae do jogador em causa, violentamente respondeu-lhe " oh sua p****, a mae dele sou eu" e por fim essa foi mesmo o terminar, um a pai enfurecido entrou em campo e deu um soco no miúdo da equipa contraria à do seu filho, porque este tinha feito uma finta e o tinha derrubado, fazendo-o perder a oportunidade de fazer golo, depois desse dia nunca mais aceitei fazer som a jogos, era isso ou um dia enfardava um daqueles energúmenos que estavam a educar aquelas crianças. São estas minhas experiências que me fazem detestar o futebol, assim como são também elas que fazem com que eu perceba, apesar de não ter visto o jogo, o que aconteceu no passado fim de semana. Os adeptos do futebol ( na grande maioria) são massas de fanáticos, desprovidos de inteligência e de educação, que ficam cegos e hipnotizados, gente racista, fascista, xenófoba, manipula facilmente esta gente e transforma-os numa massa violenta desgovernada. Desta historia a única coisa positiva foi mesmo o gesto de Moussa Marega, o jogador que teve a coragem de virar as costas e de lutar de peito aberto contra o racismo de que estava a ser alvo. Mas foi o único, nenhum dos companheiros deixou o campo, o arbitro não acabou com o jogo, a federação não o interrompeu e hoje por aqui ainda há gente a tentar branquear a atitude inqualificável dos que estiveram mal. Moussa Marega, teve uma atitude tão louvável como Rosa Louise McCauley, quando não cedeu o seu lugar no autocarro, ou como Ruby Bridges, primeira criança negra a estudar numa escola de brancos no estado americano do Louisiana. Ou como Nat King Cole que se recusou a actuar num clube por não poder jantar na sala junto com os brancos. Foram estas actitudes e esta gente que deu o peito às balas, que ajudaram a mudar as mentalidades, e se elas tentam regressar é preciso cortar a cabeça às cobras rapidamente, deixar passar em brancas nuvens não pode acontecer, para que nunca mais existam Steven's Bikos no mundo.
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