as festas do carlos castro - 2023

 Ha uma polemica em Hollywood que já dura há muitos anos, mas que agora, vá-se lá saber porque esta a ter direito de reportagens. Mas quem pensa que é só nas américas desengane-se, por cá isto é mato há anos.

Vou contar-vos uma historia já com quase 30 anos, conto sem dizer o nome dos intervenientes, ate porque alguns já morreram.
Quando criei a minha empresa há 30 anos, tive que ir ao banco pedir dinheiro, os juros estavam caros e não havia apoios ( alias esta é a sina da minha vida). Era preciso trabalhar muito e aceitar trabalhos que gostava menos.
Um belo dia, ligaram-me de um hotel aqui do Alentejo para ir a uma reunião. Fui claro. Era trabalho, perto de casa, na altura do inverno, calhava mesmo bem.
O gerente, pessoa que eu conhecia, queria contratar-nos para colocar som, pôr musica e fazer karaokê ( estava no inicio naquela altura e nós fazíamos), 1 vez por mês durante 1 fim semana. Um contrato de 6 meses, renovável, em festas privadas, alugavam o hotel inteiro e ninguem saia dali senão no fim. Os primeiros 3 meses eram em Évora, os outros em outros hotéis da rede no Alentejo. Entravamos às 18h de sexta, saiamos às 18h de domingo. Tudo bem, disse de caras. Disse-me que tinha que assinar um acordo de confidencialidade, que não podia dizer nada do que se passa-se nas festas ou quem lá estava, não poderia dirigir-me a nenhum dos convidados, só ele nos daria indicações. Achei normal, se eram gente publica, não queriam que se soubesse, não queriam ser importunados, nada de estranho.
Fiz o orçamento, alto por indicação do próprio director e no dia acordado lá fui. som montado, tudo pronto. Os convidados começam a chegar para o jantar e logo na primeira olhadela aquilo me pareceu estranho. Políticos, gente dos bancos, das grandes empresas, actores, músicos, e muitos jovens de ambos os sexos que estavam a tentar a carreira artística ou da moda ( todos maiores, nada de crianças). Era uma mistura que fazia pouco sentido. O jantar começou a ser servido, o vinho e o champanhe começou a rodar, e os ânimos começaram a alterar. Nós íamos colocando musica de acordo com as indicações. Rapidamente começamos a ver as drogas a chegar em bandejas, arrepiei-me, depois...bom depois foi sempre a descer.
No fim do jantar a sobremesa foi servida num corpo nu, que entrou na sala numa ,mesa com rodas, lembro-me como se fosse hoje, que ao ver os participantes, gente que me tinha sido dada a conhecer de fato e gravada, dei institivamente 2 passos atrás da mesa de mistura. Foi instintivo, tentei manter o meu ar mais sério e sem mostrar a minha estupefação, mas tenho para mim que não consegui, mas também eles estavam-se nas tintas para mim, estava entretidos com as drogas, o álcool e na "sobremesa" . A noite foi correndo, eles foram-se despindo e desaparecendo a 2, a 3, ou em grupos maiores para os quartos. Uns cantaram, outros dançaram, mas sempre de forma depravada e xunga. No outro dia, seguiu o mesmo baile. Eu só pedia para aquilo terminar e eu poder vir para casa, sentia-me emporcalhada garanto-vos. Quando terminou, estava exausta física e psicologicamente. O director pagou-me no fim em notas, mas aquele dinheiro queimou-me as mãos. Precisava dele, precisava do trabalho, tinha contas, uma filha pequena, tinha dividas ao banco. Durante aquele mês, estive em sofrimento, iria ter mais 5 trabalhos daqueles. Agora sabia para o que ia. No dia marcado para a 2ª festa, lá fui. Foi pior que a primeira. Vi muita gente das revistas humilhar jovens em inicio de carreira, fazer deles cachorro, com coleira e tudo. Vi mulheres de gatas ao lado das cadeiras dos seus donos, vi jovens a serem seduzidos por homens gordos e baganhas que o faziam pelo poder do seu dinheiro. Foram mais 2 dias de sofrimento. No final, recebi o dinheiro e renunciei ao contrato, era demais para mim. O director, que me conhecia, tentou demover-me com argumentos todos pertinentes, eles não me importunavam, eles pagavam bem, gostavam da nossa musica, eu ganharia muito dinheiro com eles, não precisava de me preocupar mais, eles iriam contratar-nos para outras coisas, podíamos ter acesso à televisão, aos grandes festivais, poderíamos crescer imenso e criar uma grande empresa. Era tudo valido, o senão éramos mesmo nós. Nós não éramos capazes de ver aquilo, não éramos mesmo. O bom do homem às tantas perguntou "mas preferem ir à falência ou passar fome a fazer as festas? Respondemos ao mesmo tempo, parecia ensaiado, Preferimos" E assim viramos as costas aos ricos e famosos deste pais, às suas festas e ao sucesso na area da produção de eventos. Viemos para casa a saber que tínhamos dificultado a nossa vida, mas livres de um peso enorme. eles, claro está continuaram as festas e outra empresa tomou o nosso lugar. fez sucesso essa empresa, provavelmente ainda faz as festas, que hoje são na zona do baixo Alentejo, numa herdade onde os participantes chegam de helicóptero, mas quem as organiza já não é a mesma figura mediática, pois essa já morreu.
Passaram 30 anos e provavelmente as festas ainda estão mais podres, alguns intervenientes serão os mesmos, outros novos terão aparecido. Eu, quando os vejo na televisão a fazer discursos "lindos" lembro-me sempre das figuras que os vi fazer e não lhes tenho nenhum respeito.

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