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Mostrando postagens de dezembro, 2023

natal em tempo de pandemia

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  No tempo em que eu era miúda, na semana entre o natal e o ano novo tínhamos duas visitas obrigatórias. Enfiados no mini do meu pai marchávamos, eu, ele, a minha mãe, a MÉ (minha mãe da casa) e o David (o marido), primeiro para a aldeia da minha mãe, a aldeia da Venda, ali para os lados do alandroal e depois para o Monte Novo, no Couço. Era a visita de boas festas às famílias de ambas as mulheres. Partíamos de madrugada e voltávamos já´ noite cerrada. as paragens eram sempre as mesmas, ir a esta ou aquela prima, a esta ou aquela amiga, a este ou aquele lugar. O almoço era sagrado e por vezes era preciso sair a correr de alguma casa para chegar na hora marcada. Na aldeia da minha mãe em casa da minha bisa Antónia, no Monte Novo em casa da prima Minda. Tanto uma como outra faziam os melhores pratos, traziam as melhores iguarias e juntavam a família para almoçar connosco. Era uma festa. Depois do almoço no Monte Novo, seguíamos para o Couço para visitar mais parentes e só no fim do d...

justa homenagem

  Adorei escutar todos os partidos da assembleia municipal de Évora, saudarem a cultura pelo galardão que Évora agora conquistou. Estavam contentes, quiseram deixa-lo registado em acta, alguns ate foram veementes nesta saudação. Foi bonito ver aqui sentada no meu sofá, todos juntos pela cultura. Diz um ditado antigo "antes tarde que nunca" e hoje foi o tempo de saudarem a área que muitos antes deixaram para trás. Sim meus senhores, não me esqueço que ate chegarmos aqui, existiu um tempo passado. Quero relembrar-lhes que quem sonhou esta candidatura só o pode sonhar, porque Évora É e sempre foi, uma CIDADE DE CULTURA! Quem o sonhou soube vê-lo e concretizou-se! Mas é-o, com o esforço de muitos, com o trabalho de muitos, com o suor de muitos, que durante décadas aqui insistiram em desenvolver os seus projetos artísticos, a maior parte dos anos SEM APOIOS locais ou nacionais. Apenas com a força e a coragem dos que fizeram desta área o seu modo de se expressar. Hoje estamos todo...

o Bisa Inacio

  A minha família sempre viveu com pressa. Somos gente que tem sempre muita coisa para fazer. E por isso, por mais que nos vejamos muitas vezes temos sempre pouco tempo para contar historias. A noite de Natal e o dia de anos do meu pai são a excepção. Ai, ninguém tem pressa e existem sempre historias para partilhar. Este ano tive mais uma revelação... A minha mãe é sacaia, talvez não saibam mas este é um tipo de alentejano particular, são gente que trabalha muito, com grande tendência para os negócios e que gostam de ter dinheiro. Ora com esta conjugação era normal que fossemos ricos, mas não somos. Este Natal descobri porque? e fiquei contente! O avô da minha mãe ( que a educou) era negociante e a sua mulher também. Gente com casas, terras e uma vida muito boa, tinham por isso dinheiro para comprar o que quisessem. Mas o meu bisavô, de cada vez que iam à Feira (porque naquela época comprava-se nas feiras) e os filhos ou a mulher escolhiam uma coisa cara, dizia -lhes como quem não...

Eu estou fazendo a minha parte"

  Ontem um comentário do Paulo Nobre num post de um amigo comum ele disse-me que quer mais Lurdes...sei porque o disse e partilho convosco, um pouco com a esperança de ter mais comigo embora não me ache nada de extraordinário. O que defendo é simples, temos de reivindicar os nossos direitos, temos de lutar pelo que acreditamos e temos de perder o medo. É com o nosso medo que os patrões, chefes, políticos e gente medíocres conta! É o nosso medo que faz com que as nossas condições se tornem mais precárias! Somos nós que nos deixamos acuar! Também tenho medo às vezes quando bato o pé pelos meus direitos. Também me sinto desanimada quando vejo gente fazer jogos sujos por baixo do tapete e safar a vida de forma simples enquanto eu batalho duro. Também desanimo e penso que não consigo salvar o mundo. Mas nestas alturas penso em josephine baker, a primeira cantora negra a entrar pela porta principal de um hotel, porque fez finca pé e não teve medo! Lembro-me de Rosa Parks, que não cedeu...

Doações de Natal

  Terminou o Natal e mais uma vez tenho, como todos historias para contar, mas desta vez a historia não é minha, nunca tive esta ideia mas desde já vos digo que vou adopta-la... A minha filha tem uma prima da parte do pai que faz uma coisa no Natal que eu só soube agora, mas que me alegrou a alma... Todos os anos decide quanto gastar nas prendas para cada um dos elementos da família e todos os anos escolhe dois destes familiares para doar o dinheiro a quem necessita. Este ano calhou à minha filha e ao companheiro doarem o valor da sua prenda e por isso eu soube... E eles prontamente aceitaram... Não sei quanto foi, não terá sido muito pois ela é imigrante mas foi o gesto de todos que me comoveu. Há Andreia Perdigão que teve esta ideia o meu agradecimento e o pedido para lha roubar para o ano. E há minha filha e ao companheiro um bem ajam por aceitarem e partilharem esta forma de estar no mundo.

Guerra Israel Palestina - 2017

  Se o estudo das humanidades, especialmente a historia fossem um dos nossos pilares já estaríamos muito mais evoluídos e nao repetiríamos sempre os mesmos erros. Quem me conhece sabe que abomino guerras, sejam quais forem. A guerra entre Israel e a Palestina é só mais uma das que me afligem. Nesta época esta tem sido usada para fazer vídeos, alguns de canais de comunicação, e chamar a atençao para esta violencia. Concordaria com isso se nao estivesse a ser mal usada. Se nao vejamos A teleSur, colocou a rodar um video que tem como titulo " Se Jesus nascesse hoje estaria a ser atacado por Israel"! Pois é, estaria correcto se Jesus não fosse Judeu. Sim porque Jesus era Judeu, alias naquela época não existia cristianismo e eram os Judeus que esperavam o nascimento do Messias que esta na Tora. E o Messias esperado afligia era o poder Romano que governava a Judeia, onde Maria morava, dai eles terem fugido para a Palestina. Por isso, provavelmente se Jesus nascesse agora, nasceria...

1º violação de que ouvi falar

  A primeira vez que ouvi falar de violações andava no ciclo de Santa Clara. A filha adolescente de uma amiga da minha mãe havia sido violada por um vizinho. Na época, apesar de ser crime, não era comum queixa em tribunal, ficava por isso mesmo, mas essa amiga da minha mãe não achava aquilo correcto e levou o caso a tribunal, muitos foram os que ficaram contra ela, achavam que a miúda tinha contribuído para aquilo, porque usava mini saias e saia com os amigos, alguns defendiam mesmo que a mãe, por ser divorciada também era culpada, nesta cidade conservadora e hipócrita o caso fazia correr muita tinta. Lembro-me da minha mãe acompanhar a amiga a tribunal muitas vezes, de se irritar com algumas vizinhas por causa das suas posições e ficou-me o ensinamento que me deu naquela altura "nunca aceitamos uma culpa que não é nossa, por mais gente que fique contra nós"! O caso foi provado e o autor do estupro condenado a pena de prisão. A decisão do juiz alem de pesada foi dada com uma...

.embrulha que é natal

  ao meu lado em cima de uma cadeira, o meu neto ajudava-me a descascar os ovos. - São para quê avó? - Para acompanhar o bacalhau. - Não gosto de bacalhau. - Nem eu. - Não? Então porque fizeste? - Porque eles gostam e ficavam tristes se não tivéssemos bacalhau. - ah é. assim fica o Miguel e a avó tristes! Já vi que és tontinha. Descoberta de um puto com 3 ano...embrulha que é natal!

Natal 3

  Quem me conhece sabe que não gosto do Natal, tenho as minhas razoes e não finjo só porque fica bem. Mas enquanto a minha filha foi pequena fiz desta época uma altura de festa, não queria influencia-la com o meu desagrado e passar-lhe este meu azedume pela festa cristão, então fui-lhe passando a festa do Solsticio, aquela festa ancestral apoderada pelos católicos e corrompida com presentes. Nessa noite o Pai Natal era uma figura mítica que escondia os presentes pela casa, obrigando-nos a correr de lugar para lugar à sua procura. Cada um vestido de uma figura à sua vontade, desde a rena, ao duende, lá íamos descobrindo as prendas...uma de cada lista feita anteriormente...nunca mais que uma. E que prazer era vê-la receber a prenda sonhada. Um ano olhando para a lista dela vi um pouco atónita que pedia uma tampa de sanita para a sua casa de banho...uma tampa azul e que não fosse fria...só rindo mesmo. Foi o único ano em que lhe dei duas prendas, sim porque me pareceu que merecia mais...

o carro que chegou do além

  No dia em que nasci, entrei sem convite de forma abrupta mesmo, na caminhada do meu pai. Ele queria fazer uma caminhada a dois, a minha mãe decidiu que seriamos 3 e eu entrei numa das curvas da sua vida. Entrei na melhor estrada de todas, escolhi bem. O dia em que eu nasci foi o ultimo dia em que o meu pai não quis um ser que fosse dependente dele. Esse foi o ultimo dia de paz do meu pai. A partir dai passou a vida a pensar em me ajudar a ser feliz. Fê-lo durante toda a vida com afinco, mas de ha uns anos a esta parte havia uma coisa que o moia, eu tinha um carro velho. Era, mas como não tinha dinheiro para um novo vivia bem com este meu velho carrango. Dizia varias vezes " queria comprar-te um carro novo" eu brincava e respondia "sim, sim com um lacinho, se faz favor" . No ano passado na noite de Natal disse "um dia destes chega aqui uma surpresa" tentei que me disse-se o quê, como não disse e eu não sou curiosa deixei passar. Em meia dúzia de dias,...

O desemprego que provocamos

  O ser humano deixou de pensar nas consequências dos seus actos, talvez os homens da sociologia consigam explicar e datar este facto, eu não consigo, só sei que o fizemos. Esta nossa mudança tem tido repercussões nas nossas vidas sobre as quais só depois pensamos, ou nem isso. Na inicio da década de 90 quando se começou a massificar a utilização da Internet e os meios de pagamento rápidos, muitos eram os profissionais que insistiam para que os passasse-mos a utilizar. Os primeiros foram os das gasolineiras, depois os dos sistemas bancários e depois todos os outros! Durante vários anos resisti na sua utilização chegando mesmo a explicar a esses funcionários o porquê da minha não adesão ao sistema sei, porque via no seu rosto, que achavam ser implicância minha. Ir ao banco levantar dinheiro, fazer uma transferência ou consultar o extracto no multibanco ou na net era tão mais simples, porque insistia eu em esperar e lhes dar trabalho? Nos postos de combustíveis passava-se o mesmo,...

A tampa de sanita e a janela

  Hoje conto-vos outra historia de Natal, que me veio à memoria, porque ontem uma amiga me mandou uma fotografia da minha filha pequena. Quando ela era miúda, porque numa vida há muitas vidas, eu tinha sempre pouco dinheiro. Estava a começar a trabalhar a recibos verdes, tinha comprado uma casa pela qual pagava mais ao banco que o meu ordenado e tinha um orgulho desmedido ( que felizmente passou) não querendo por isso ajuda dos meus pais. A miúda escutava por isso muitas vezes "a mãe não tem dinheiro". Porque nasceu incrível, nesta altura do ano e noutras, olhava as montras, colocava as mãos atras das costas e em vez de pedir isto ou aquilo repetia a frase "a mãe não tem dinheiro". Não pensem que não me doía, doía, mas achei sempre que era melhor educa-la com a verdade e aquela era a nossa verdade. Por isso, no Natal quando escrevíamos a carta ao Pai Natal, pedia sempre coisas simbólicas, às vezes eu estava melhor e insistia e ela lá pedia algo mais caro, ou mais...

o Cavalo prenda da minha mãe

  agora que se aproxima o natal, deixo-vos uma historia e um pedido, deão aos outros o que eles querem, se souberem, e não o que vocês querem. Dar prendas é um acto de carinho. a minha mãe passou o 1º Natal com os pais quando ja´ tinha 8 anos, antes passava-o com os avós maternos e 6 tios solteirões na aldeia, com quem vivia desde que tinha nascido, não importa agora porquê. Como no resto do ano, no Natal eles enchiam-na de mimos e de todas as prendas que ela queria e outras que nem sabia que queria, afinal era a sua princesa. Quando fez 8 anos o irmão, mais novo 3 anos, convenceu-a a ir viver com ele, os pais e a irmã mais velha para a herdade na Serra d'Ossa, passando por isso la´ o seu 1º Natal. Da aldeia vieram na véspera os avos e os tios. Passaram a consoada e no dia 25 de dezembro, era nesse dia de manhã que se abriam as prendas, foi abrir as imensas prendas que lhe tinham trazido. Quando já todos tinham desembrulhado as prendas, o meu avó António, pai dela disse-lhe que f...

festa do CAEI

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  Hoje fui ver a festa de Natal da creche dos meus netos. O CAIE, foi excelente, aquelas gajas não existem. Já na altura da minha filha tinham coisas fora da caixa e continuam. Hoje em vez dos meninos a cantar e nós a bater palmas, foram para o pavilhão do Juventude e fizeram jogos tradicionais com pais e filhos. Havia equipas sem ser da mesma sala e eles lá iam de jogo em jogo, para receber uma estrela de natal como troféu. Nós nas bancadas éramos a claque, torcíamos claro pela equipa dos nossos. Estava tudo a correr bem, eis quando uma mãe de uma das equipas, começa a fazer batota, para que a equipa dela, que estava a perder, ganhasse. As claques começaram a chamar-lhe batoteira e a equipa nem por isso ganhou. Estava ali a ver aquilo e a pensar, "que raio de exemplo esta aquela mãe a dar aquela criança" o miúdo, que não teve culpa nenhuma vai aprender que vale tudo para ganhar e que ganhar é o que importa na vida, ou isso ou envergonhar-se da mãe que lhe calhou. Que raio de...