Historias do Cante - O canto do Cante Ovibeja
Talvez tenham passado 20 anos, não sei ao certo, mas já foram muitos desde a primeira vez que o Cante foi marca de diferenciação na Ovibeja. Pela mão de José Luís Jones instalou-se o cantinho do Cante. Os homens do cante marcaram presença, cantaram ao despique, contaram historias, mostraram modas que já estavam em desuso. O homem do gravador, Jones, registava tudo, para depois editar em CD ou livro. Os olhos brilhantes e sorridentes a cada nova moda. E sempre a instigar a mais uma. Assim vivenciei pela primeira vez uma feira cheia daquele cante que ninguém ligava lá para os meus lados e que me cativava desde menina. Ele, o Jones, falou-me depois dos encontros de Cante de Aljustrel, da Festa da Senhora da Cola e do Cante ao Baldão, que desconhecia. E foi-me mostrando tudo o que tinha gravado. Muita entrevistas pelos campos fora, feitas a pastores e outros trabalhadores rurais que detinham esta riqueza imaterial. Essa, foi uma Ovibeja marcante para mim. Foi ali que comecei a trabalhar com os cantadores, foi ai que fui conhecendo as modas, foi ai que perdi a vergonha de gostar de um género de cante que não estava na moda. Hoje, pela Ovibeja passaram 800 meninos das escolas do concelho de Beja, todos a cantarem as modas que se recuperaram vai para 20 anos. Hoje o José Luís Jones, não esteve na Ovibeja, a vida pregou-lhe uma partida e não consegue falar nem escrever, uma ironia para um homem da comunicação. Mas eu lembrei-me dele, ali à frente daquele palco. Sei que se ali pudesse estar, estaria de gravador na mão, com os olhos brilhantes e a contar-me histórias sobre a moda que escutávamos em palco. Sei que estaria ali a incentivar aqueles novos guardadores da "nossa voz" como chamava ao cante. Hoje, esteve ali comigo, sei que esteve porque está onde está o Cante!
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