1º Maio
Na minha família sempre se comemorou o 1º de Maio, ainda antes de 74 o meu pai e a minha mãe o faziam. Segundo contam, às escondidas entre amigos da mesma crença. Foi por isso natural no primeiro 1º de maio depois da revolução irem para a rua engrossar as fileiras de gente que comemorou em liberdade o Dia do Trabalhador, nesse ano eu acompanhei-os, tinha apenas 8 anos e aquilo não tinha grande significado, mas havia muita gente, muitas canções, muitos tractores cheios de gente e eu gostei, foi uma espécie de festa. A partir dai sempre comemoramos o 1º de Maio, uma coisa engraçada pois os meus pais nunca foram de comemorar festas, se tinham trabalho iam trabalhar nao importava se era Natal, passagem de ano ou aniversario, as excepções eram o Carnaval e a partir da Revolução o 1º de Maio. Nesse dia não se trabalhava, não se ia a lado nenhum que não fosse às comemorações. Nos primeiros anos na praça, depois para a zona onde hoje é o Alto dos Cucos e mais tarde para uma herdade na estrada de Arraiolos. Apesar de sempre termos tido carro íamos a pé com amigos em festa, segundo o meu pai seria um desaforo se fossemos de carro quando quase toda a gente ia a pé. Íamos cedo com o cesto do lanche e muitas bebidas frescas. Os pais esticavam mantas para irem descansando e os farnéis eram colocados todos juntos, petiscavam daqui e dali, conversavam, riam e cantavam. A criançada por lá andava durante todo o dia, apanhávamos flores do campo, corríamos, caiamos, levantávamos-nos e observávamos atentos os discursos políticos que iam sendo proferidos. No final do dia, cansados e cheios de pó, voltávamos para a cidade sempre em galhofa e felizes.
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