o pátio do Aguenelio
Talvez pela chuva ou pelo frio, numa espécie de estado nostálgico, ontem subi a Avenida onde vive ate aos 5 anos...a Avenida dos Combatentes, subia só para poder passar em frente do portão do pátio onde vivi, O Pátio de Aguenelio ou Aguenel não sei já muito bem. Ao olhar para aquele portão, ao contrario do que acontecia no meu tempo, agora sempre fechado, trouxe-me há lembrança as memorias dos amigos daquele tempo, eram muitos os moradores do Pátio, operários, costureiras, sapateiros, GNR's, gente vinda dos bairro da cidade ou de outras vilas próximas. Gente sem muita instrução, sem muito dinheiro mas gente solidária. As lembranças que tenho são sempre comunitárias...mulheres a estender a roupa umas das outras, a fazerem bolos em conjunto, a tomar conta dos filhos e dos pais doentes de quem os tinha. Homens a fazerem obras e mudanças todos juntos e pirralhos a correr e a fazer disparates sendo reaprendidos pelos adultos, fossem ou não os seus pais. Lembro-me dos lanches na rua dados pela família ou pelos vizinhos, tanto fazia. Éramos uma família grande...grande não, enorme! Era muita gente sempre solidária. Havia brigas sim, mas passavam logo como nas famílias de sangue. Havia necessidades sim, como em todo o país naqueles tempos, mas não havia nada que faltasse a ninguém pois todos ajudavam. E lembro-me especialmente de um acontecimento...alguém estava com dificuldade em comprar a capa do filho para este ingressar no Liceu, obrigatória naquela época e logo se gerou um movimento em torno do problema e se arranjou o dinheiro entre todos e o mote era comum entre aquela gente " Não faltava mais nada alguém aqui não estudar e ser gente, nem que deixemos de comer!" Esta foi a frase que ficou no meu cérebro de criança de 5 anos! Eram solidários, eram um só contra os tempos difíceis. Quase todos ganharam, os filhos "tornaram-se gente" . Gente que apesar de ter saído dali ainda continua amiga os adultos uns dos outros, as crianças como eu idem! Sim, porque são dessa época os meus amigos mais antigos e ainda hoje somos amigos, mesmo que só nos vejamos de tempos a tempos! Acho que foi dali que me ficou o espírito solidário.
Comentários
Postar um comentário