Os nossos maiores tão mal amados

 sábado fui ao lançamento de mais um, dos belíssimos livros, do meu amigo Francisco Bilou, que me tem dado a honra de fazer parte de alguns projectos que tenho feito, desde o longínquo dia em que o nosso e saudoso,amigo José Melo nos apresentou. Mais uma vez não me desapontou, o livro merece a nossa atenção e é um registo meritório não só sobre o importantíssimo artista Nicolau Chanterene e a obra que deixou na cidade, como também da importância que Évora teve no passado, não só como ponto estratégico e politico mas especialmente como pólo cultural da Europa. Corroboro mesmo as palavras do Dr. Manuel Branco, que apresentou o livro, quando afirmou que Évora já foi a Capital Europeia da Cultura, a historia está ai para o provar. O artista em questão criou aqui nessa época uma obra vasta, de grande beleza estética, para alem de ter deixado um legado artístico único. Bastava só o registo para memoria futura, para este lançamento já ter tido grande importância para a cidade e a compreensão dela, mas...

E é este o ponto... na apresentação que Francisco Bilou fez de Chanterene, houve algo que me chamou a atenção e que é relevante para compreender a cidade que temos. Segundo Francisco Bilou, apesar de o artista ser um dos mais importantes e reconhecidos internacionalmente naquela época, apesar de ter trazido para a sua obra características únicas que as tornam uma marca do autor, apesar de ter vindo para Évora com a corte, apesar de ter sido mestre de muitos dos grandes artistas que lhe seguiram e que são hoje referencias internacionais, apesar de ter vivido aqui de 1532 a 1542, não há nenhum documento pessoal sobre ele. O conhecimento que dele temos é-nos trazido por documentos e referencias ao mestre, por outros. É como se Chanterene fosse um invisível na terra onde trabalhou, criou e deixou uma marca internacional...curioso não acham? Eu acho, assim como acho semelhanças com muitos casos de grandes criadores e gente do saber dos nossos dias, ostracizados ao contrario de outros de menor valor e que são referenciados como a ultima bolacha do pacote...
Interessante com sempre se comportou a cidade com os seus maiores, interessante como os séculos pouco mudaram a forma...
Já tenho dito a amigos da área da sociologia, certo José Eliseu Pinto?, que isto merecia um estudo aprofundado e acho que merece mesmo.
Seja como for, parabéns Francisco Teófilo Alfaiate Bilou, este é mais dos teus excelentes livros , que serve para nos chamar "à pedra" quanto à importância da historia ...quanto a vocês comprem o livro vale mesmo a pena.
Para quem não sabe Nicolau Chanterene foi quem fez as esculturas e fachada da igreja dos Meninos da Graça entre muitas outras obras espalhadas na cidade.

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