Os macacos das ruas de evora

 A minha felicidade vem das memorias e das historias que já vivi... ontem em Arraiolos depois da actuçao dos Macacos estivemos a rever historias. Temos muitas... afinal temos esta parceria vai para 25 anos. Deixo-vos 3 delas.

Duas, porque são prova do papel de resistência que a cultura tem tido ao longo dos anos. Outra porque ela desempenha um outro papel, o de intervenção social!
Na década de 90, altura em que o norte do País foi povoado por centros culturais financiados pelo 2º quadro comunitário, fomos chamados para fazer dezenas de inaugurações. Uma delas um Centro Cultural, perto da Covilhã, com 400 lugares, numa aldeia que não tinha mais de 100 pessoas. La fomos. Chegados a organização estava em transe, o senhor 1º Ministro Dr. Cavaco Silva, ia estar presente. Ali logo resolveram hastear a bandeira à sua chegada. Um assessor muito aprumado veio-me dizer para tocarmos o hino ao hastear da bandeira e antes que lhe pudesse dizer, que o grupo não o sabia, virou-me as costa. Perguntei ao Alentejano, nao sabia o Hino, perguntei ao Francês, nada, ao Italiano idem, ao brasileiro a mesma nega. Gregg, o americano, que não era de modas, voltou-se para mim e disse, deixa que nós tocamos. Começa a encenação para sua iminência, tudo de mão em riste na testa, comitiva alinhada e eu oiço os sopros iniciarem a actuaçao..."são sais senhor, sao saias" foi a moda escolhida como hino pelo Americano. Toma lá que é democrata!
Numa outra vez, também na face das inaugurações, fomos chamados para ir a Mafra. Disse-nos a senhora que nos contratou, toquem o que quiserem, menos a Grândola, musica que faz sempre parte do alinhamento. Contrariada la disse ao Gregg e ele concordou, nada de Grândola. Inicio da actuaçao, a abrir o alinhamento "Grandola Vila Morena", toma lá para apreenderem!
A ultima historia, passou-se uns anos depois, Os Macacos foram convidados para abrir o espectaculo de comemoração dos 25 anos dos Xutos e Pontapés no Pavilhão Atlântico. Durante toda a actuaçao, ai uma hora e meia, andou atras deles um puto, vestido de roqueiro, que não desgrudava. No fim, veio pedir um Cd, não tinha dinheiro mas precisava dele pois tinha uma banda e queria mostrar aquela musica. Lá lhe demos o Cd e explicamos que aquilo eram arranjos de musicas portuguesas para jazz interpretado por sopros. A historia teve desenvolvimentos, dois anos depois, quando recebemos um Cd, de uma fanfarra de jazz de rua de sopros, baseada na musica do Minho, o líder, o roqueiro, que virou jazzista e interprete da musica tradicional da sua zona. Dizia ele que foi naquele espetáculo que descobriu o jazz e começou a dar importância à musica de raiz Portuguesa. Hoje é um grande musico e toca em grupos de jazz extraordinários!
Historias...transformações de percursos de vida e de resistência, que me fazem continuar a acreditar na área em que me movo!
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