Maria Barrenha
Entramos em maio, foi neste mês no final do século 19 que aquela que viria a ser a minha Bisa Maria Barrenha deixou Barrancos a pé em direcção a Évora...era esse o seu destino quando se fez ao caminho sozinha com um talego às costa. Em Cuba onde esteve uns meses a trabalhar namorou um companheiro de jorna e gravida do 1º filho decidiu seguir o caminho traçado, vir para Évora. Ao jovem disse apenas, "vens se quiseres, se nao quiseres vou sozinha!" E vieram os dois. Foi na zona da Graça que se instalaram e tiveram filhos, nunca se casaram porque ela nao concordava com a instituição do casamento, mas dizem que foram muito felizes. Ele morreu relativamente novo, já a Maria Barrenha durou imenso tempo. Mulher de garra, que fazia trabalho de homem, vestia calças, fumava rapé e entrava na taberna para beber o copo de branco, coisa nunca vista por estas bandas. Ja bem velhinha ainda o fazia e quando o meu avó lhe dizia que isso nao era coisa que as mulheres fizessem dava-lhe com o cajado dizendo "mas afinal quem é a mae aqui?". Foi a Maria Barrenha que plantou no meu pai as sementes sobre a igualdade de género, sobre o seguir e deixar seguir os sonhos de cada um, de nao ligar ao que os outros diziam e de nunca se curvar perante ninguém! Maio é um mês que nos agrada, foi o mês em que Barrancos perdeu uma das suas grandes mulheres, ninguém soube alguma vez porquê, mas que nós ganhamos uma referencia. Há Maria Barenha devo muito sem nunca a ter conhecido, a nao ser das historias contadas pelo meu pai...um dia quem sabe eu nao vá a Barrancos à procura da sua origem.
Comentários
Postar um comentário