Em Évora não se podia ter mais do que a 4ª classe nem menos que 300 porcos.” a frase de Vergílio Ferreira
“Em Évora não se podia ter mais do que a 4ª classe nem menos que 300 porcos.” a frase de Vergílio Ferreira é arrepiante de tao certeira.
Mas se consultarmos a história nem sempre assim foi, tempos houve em que nela habitava uma elite que tinha brio no seu desenvolvimento, que a queria entre as principais cidades da corte e referencia europeia depois, bom depois tivemos a Inquisição e com ela a debandada dos pensadores de referência, dos homens da finança, dos que apostavam na modernidade. Ficaram “os reacionários, empanturrada de ignorância e de soberba” como também é referido na Aparição. A inquisição foi extinta, mas as negras marcar sociais ficaram encastradas na cidade até aos nossos dias.
Depois da 2ª guerra mundial, Portugal começa a tentar evoluir industrialmente, nesse período Évora começa a ser procurada pelos industriais para aqui instalarem as fabricas. Na época o representante do governo era um homem que apesar de ligado ao salazarismo, era estudado, pensava no desenvolvimento da região pela qual tinha apresso, recebendo por isso esses industriais com grande entusiasmo e ajudando-os a encontrar soluções para a instalação das novas indústrias. Ora à medida que algumas se foram instalando, o povo que trabalhava nas grandes herdades e que ganhava miseravelmente, foi deixando os campos e aceitando entrar nessas fábricas. Isso fez com que, não demora-se a existir falta de mão de obra e pedidos de aumentos de salario nos campos. Os lavradores começaram a ver a indústria com maus olhos, reuniram-se com o Presidente da Camara para lhe fazerem ver que a indústria era péssima para os seus negócios, pois aumentava o preço da mão de obra, portanto eram contra a vinda de mais fabricas para a região. Certo de que Évora só tinha a ganhar com esse desenvolvimento e que seria muito bom para a população, ele defendeu a sua dama e não se mostrou a favor de travar o desenvolvimento da cidade.
Ora os lavradores do burgo, que não tinham “estudos2 ou visão para ver alem das suas varas de porcos e dos seus quilos de bolotas e se estiveram sempre nas tintas para o desenvolvimento da região, vendo que as suas contas bancarias, a única coisa que sempre apreciaram, iam sofrer alguns revês, marcharam rumo a Lisboa e foram falar com Salazar, para que este interviesse e fizesse parar o desenvolvimento na cidade. Sendo o Alentejo o tao famoso “celeiro” com que Salazar enchia os discursos, mesmo não querendo (pelo menos era o que se dizia” ordenou ao presidente da Camara que não aceitasse mais indústrias em Évora.
Na noite em que chegou a ordem foi organizada uma festa rija na Harmonia Eborense, onde os Lavradores da Região comemoraram o atraso que provocaram à cidade. As Indústrias foram deslocalizadas para a zona do Poceirão e o povo por cá continuou a ter que se vergar ao que os donos da terra queriam pagar.
A distância entre esses tempos e os nossos dias já é grande, mas o facto é que Évora continua a ter na grande maioria empresários que se estão nas tintas para o desenvolvimento da cidade como forma de crescimento colectivo, onde a única coisa que lhes importa é os negócios que podem beneficiar as suas contas bancárias, e para o conseguirem são capazes de ir ate ao Papa se isso fizer com que os poderes decidam a favor deles, mesmo que esses seus negócios prejudiquem a cidade.
Por mais que tenham ido tirar cursos para as melhores universidades, o facto é que o seu espirito ainda é aquele da descrição de Vergílio Ferreira “ainda não podem ter mais do que a 4ª classe nem menos que 300 porcos”, ainda estão “empanturrada de ignorância e de soberba”.
São eles e mais ninguém, que fazem com que Évora, a bela cidade que tinha tudo para dar certo, continue a ser uma cidade adiada!
Raios partam os porcos! Quando será que conseguimos gente que pense no bem de todos, em vez de no raio da conta bancária?
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