a minha mae fora dos padrões

 Hoje é o Dia da Mãe. É por isso o meu dia e o dia da minha mãe. Mas não me tivesse a minha filha telefonado, não me lembraria. Eu e a minha mãe nunca tivemos esse hábito, a neta é que o instituí-o. Lá por casa, todos os dias são dias de beijos, telefonemas. Prendas damos quando podemos e queremos. Jantares em família fazemos quando nos apetece e quando temos tempo. Não há dias instituídos, nem os dos anos. Foi sempre assim...mas isso não faz com que gostemos mais ou menos uns dos outros, só não nos habituamos aos rituais. Talvez porque os meus pais não tenham sido uns pais padrão. Mas hoje é dia da Mãe e é na minha mãe que estou a pensar. A minha mãe, não foi uma mãe convencional. Não me lembro de uma historia à hora de deitar ou de me aconchegar os cobertores, ou mesmo de me ajudar a vestir. A minha mãe, aquela que aprendi a admirar, é a mulher! A mulher que me lembro a discutir com imensos homens na fabrica e a levar a dela avante. A mulher que resolvia todos os problemas da família. A mulher que batalhava com o patrão para conseguir melhores condições de trabalho para as colegas. A mulher que negociava. Que comprava, que vendia. A mãe que me lembro, foi a que me criou hábitos de trabalho. A que me obrigou a tratar das burocracias tinha apenas 10 anos, idade mais do que suficiente para aprender. A mulher que me ensinou a decidir e a lutar pelo que queria. Essa é a mãe de que me lembro. Depois parece que há outra mãe...a que diz que de madrugada, quando já tinha tudo feito me ia apreciar enquanto dormia. A que me cantava canções de embalar já eu ia no 7º sono. Essa mãe, de que ela e o meu pai falam, eu não conheci, mas não lhe sinto a falta, pois a mãe que me coube, é uma mulher que admiro, que fez de mim a mulher que não se deixa vergar, que não se deixa vencer. A que me ensinou a levantar depois de cair, seguir viagem sempre com garra e sem medos. A mãe que acha que mesmo acima dos 70 se deve continuar a sonhar e a lutar pelos sonhos. A mãe que vestiu calças por ser confortável em1957, a que frequentou o café sendo a única mulher a faze-lo. A mulher que não tinha horas para chegar do trabalho. A que se dedicou à carreira deixando para trás o seu papel de mãe de família. Essa foi a mãe à qual telefonei hoje, a que admiro, a que aprendi a respeitar. Esta foi a mãe que me calhou e que eu amo!

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