O culto do medo

 Ontem no Armazem 8 assisti ao debate sobre a memoria. Das muitas coisas que Camilo Mortágua e Aurora Rodrigues destacaram, destaco o Medo! Os regimes contam com o medo para nos dominar. É certo e continua actual este culto do medo.

Na minha historia pessoal, não tendo idade para ser revolucionaria antes do 25 de Abril, o medo era também um sentimento que me cultivaram no Portugal de Salazar.
No convento, onde me preparavam para servir a Deus, o medo era o sentimento mais dominante! E era utilizado das formas mais simples.
Por exemplo, de cada vez que passávamos pelo retrato de Salazar ou pelo cruxifixo tínhamos que fletir um dos joelhos e benzer-nos. E faziamo-lo muitas vezes pois estes dois símbolos estavam por todo o lado. Só desde a sala dos lavores à casa de banho tínhamos de o fazer 6 vezes. Para quem ia à pressa imaginem o que era? Mas faziamo-lo, porquê? Por medo, porque se alguma das freiras nos visse e não o fizesse-mos íamos de castigo para a capela rezar pelo nosso pecado!
Também nas 5 missas a que assistíamos por dia o medo era a pedra dominante. Rezávamos por todos os males do mundo! Pelas pessoas más! Pelos meninos desobedientes! E finalizávamos sempre a rezar uma ave maria pelos meninos da Rússia, que não acreditavam em Deus e viviam num estado comunista! Um monstro que metia medo e assombrava os meus sonhos!
O Medo realmente condiciona-nos, paralisa-nos mas também vos digo, na primeira pessoa, depois de ultrapassado não voltamos a ter medo de nada nem de ninguém!
E a nossa vida melhora sempre!
Deixemos de ter medo e eles os poderosos deixam de ter poder sobre nós!

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