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Mostrando postagens de janeiro, 2021

Gentes que habitam Évora

  Ontem comemorou-se o centenário de Virgílio Ferreira, o escritor português que escreveu sobre Évora e as suas gentes de forma clara, objectiva e directa. Ontem por aqui muitos foram os que relembraram e homenagearam a sua obra e o seu nome. E eu assinei em baixo. Mas houve um post que me deixou possessa...uma professora de português que conheço empolou a obra do escritor e rasgou-lhe muitos e diversos elogios. Concordo com ela mas mais uma vez comprovei que aqui neste espaço virtual todos são bons, todos fazem o seu papel, o pior é na vida lá fora, onde se influenciam pessoas, onde se transforma a sociedade. Ai, é preciso mais que teclar e dá trabalho. Porque digo isso? Porque a senhora foi professora na escola da minha filha quando estava no currículo o estudo da obra de Virgílio Ferreira. Na época muitas eram as turmas que visitavam Évora e faziam o percurso da historia descrita pelo escritor, vinham de todo o País. Foi por isso com grande assombro que soube que as turmas de Év...

Velhinha excêntrica

  Um dia destes recebi um telefonema da Deco, para me aliciar a ser sua associada. Deixei, como sempre faço, a moça debitar a sua propaganda. Quando chegou ao fim disse-me "vê poupa muito dinheiro como associado, para isso basta dar-me o nib e fica logo a poder usar dos descontos". Na tentativa de não lhe entalar as estatísticas internas, respondi-lhe que não tinha o nib, ficou surpresa mas não baixando a guarda informou-me que eu poderia ver no meu telemovel, respondi-lhe que o meu telemovel não dá para tal, pensou que eu fosse uma tonta da informática e prontificou-se a ensinar-me e primeiro que percebesse que eu só tenho um que faz e recebe chamadas foi uma carga dos trabalhos. Um pouco incrédula, sugeriu-me que eu fosse o multibanco e visse o nib, resolvi divertir-me e ver onde aquilo ia dar e informei a moça que não uso cartões, ai não resistiu e lá lhe saiu o pensamento " mas isso não é possível" perguntei-lhe se era obrigatório ter cartões de bancos, f...

nada é tao mau quanto o holocausto

  A segunda guerra mundial foi mais que o holocausto. Foi a anexação de países pela Alemanha, foi a morte de gente que tentava lutar contra a anexação, foram as privações das populações anexadas, foi a prisão indiscriminada de pessoas, foi a humilhação de quase toda a Europa. Mas a mim, e talvez a quase todos, a parte que mais me choca é o holocausto. A tentativa de exterminar um povo na sua totalidade, arrepia-me. A forma planeada para esta exterminação causa-me náuseas. Desde a adolescência, num tempo em que queria seguir historia, esta foi sempre a parte sobre a qual me debrucei. Nos manuais escolares apenas duas paginas nos mostravam a segunda guerra mundial, mas a biblioteca publica ajudou-me nesta procura. Li muitos livros sobre o tema, muitas entrevistas a sobreviventes, vi muitos filmes e imensas reportagens e continuo a achar que aquilo não tem como ser justificado. Não existe a mínima possibilidade de se justificar um crime tao bárbaro e tao desumano. Não se consegue comp...

Auschwitz/ Birkenau

  Há coisas muito irónicas...no dia em que o partido nazi volta a ter acento parlamentar na Alemanha, eu fui levada por um polaco a Auschwitz/ Birkenau e se o 1º é mau o 2º é péssimo. Já vi muitos filmes, li muitos livros e estudei esta parte negra da historia mundial, mas nao estava preparada para escutar tudo aquilo quase na 1ª pessoa. Tudo pesa, desde o museu, objectos pessoais, as salas, os retratos e os nomes dos mortos, mas nada se comparou ao escutar " agora vamos fazer o caminho que os meus fizeram ate às câmaras de gás" ali levei o maior murro no estômago de que me lembro...ate pensei ser o maior... O silencio do caminho faz as pernas pesarem e os passos tornarem-se mais lentos, como se tivesse medo da chegada...aquelas ruínas causam pánico, ali morriam aos milhares sem se saber o porquê. E os passos continuam lentos, o polaco vai apontando os espaços do campo, vai contando a historia da sua família, de si próprio... "aqui dormiam as 700 crianças polacas que não...

sou contra o preconceito

sou  contra o preconceito acho que desde a barriga da minha mãe. Era muito miúda e nem gostava de brincar com bonecas mas todas as semana ia brincar com um vizinho que só gostava deste tipo de brincadeiras. Ninguém brincava com ele então eu ia! No colégio quando foi necessário arranjar uma madrinha para uma colega negra ofereci a minha mãe prontamente, que não se negou e lá se fez o baptismo da menina. Já adulta foi necessário hospedar um árabe e claro ofereci a minha casa sem pensar no tema, reconheço que para ele foi difícil aceitar para mim foi natural. Cresci e de cada vez que escutava algo a lembrar qualquer preconceito aquilo fazia-me ir em auxilio. Um dia alguém me questionou sobre esta forma de agir, foi fácil responder " o que tenho eu com isso?" ! Esta é a pergunta que faço a Cavaco e aos hipócritas que são contra a adopção gay e contra o aborto...O que tem vocês a ver com isso? Por acaso se as leis passarem acham que serão obrigados a fazer alguma destas coisas?...

assinalar o holocausto

  Em dia de assinalar o holocausto, crime hediondo contra a humanidade, deixo estas palavras para as vitimas de ontem que se tornaram os carrascos de hoje Olha pá, lembras-te das historias que te contavam à lareira? Das lágrimas, fome, miséria e sujidade que os teus sentiram entranhadas nos corpos carcomidos? Lembras-te do olhar sem brilho dos teus avós, sempre que não se sabiam olhados... olhares negros pelas lembranças de um murro que lhes tolhia a liberdade, que os separava dos seus amores. Lembras-te pá de escutares os soluços abafados quando a noite caia e dos gemidos incontidos quando os pesadelos do horror os tomavam na calada do sono. E do cansaço, aquele tremendo cansaço da vida não vivida com os seus. E lembras-te das vezes em que olhavam uma moldura de familiar, na qual tantos faltavam? E das festas pá, lembras-te de sentires a solidão que carregavam por se acharem indignos de ter sobrevivido ao pai, à mae, à irmã? Lembraste quando se arrepiavam de cada vez que falavam d...

Sentido de preservaçao

ecebi uma mensagem privada depois de um comentário que fiz que dizia "não tens sentido de preservação?" Tenho...nao consigo é nao dizer o que penso, se isso levar à minha extinção, paciência!-respondi Isso levou-me a pensar na Trisavó, teve 12 filhos, todos chegaram a adultos o que na época era um milagre. A todos ensinou que nunca se deviam calar perante o que achavam mal e que era preciso lutar. Dos 12, 6 morreram por causas, um na revolta dos quartéis, outro foi assassinado por ser anarquista, outro morreu no Tarrafal por ser comunista, um outro foi para o desterro em Angola e lá morreu, outro morreu na greve das minas e o ultimo morreu numa Praça de Jorna, no tempo em que o trabalho era tão escasso e tão mal pago que os homens tinham que ficar nas praças à mercê dos agrários para serem escolhidos naquele dia para trabalhar. Nesse dia não só o agrário negociava com um camarada um valor ainda mais baixo como queria colocar no negocio a filha do pobre homem. O Joaquim lidad...

2 grandes saxofonistas

  Há muitos anos, no tempo dos Encontros de Tradição Mediterrânea, veio a Évora um saxofonista português apresentar o seu trabalho e eu, amante desta sonoridade, fiquei fascinada. Trabalhava na radio naquela época e muitas vezes passei os seus discos, usei até vários solos para fazer genéricos de programas. Os anos passaram, sai da radio e perdi-lhe o rasto. Quando criamos o armazém 8 resolvemos entrar em contacto com ele e convida-lo para vir cá tocar. Disse-me na altura que já não tocava que se tinha dedicado à fotografia. Lamentei o facto, mas nada podia fazer. Uns meses depois recebi uma mensagem no Fac a dizer-me que tinha falado com uns amigos e se nós quiséssemos vinha cá tocar. Aceitamos na hora. Marcamos a data e no 2º ano foi dos primeiros espectáculos a apresentar. Foi um grande espectaculo e foi uma noite magica para mim. No público estava um jovem eborense que eu nao conhecia mas que no fim veio falar comigo e me disse que também tocava saxofone e que o saxofonista da...

os empresários nao são todos iguais

  Os empresários não são todos iguais, há bons e maus. Porem as multinacionais seguem sempre o mesmo padrão...vem para uma região, dão-lhes terrenos, apoios milionários, isentam-nos de licenças, põem os serviços públicos a trabalhar para eles, dão-lhes todas as regalias e estendem-lhes o tapete vermelho , pela quantidade de postos de trabalho que criam. Em contrapartida eles vão ao desemprego, contratam profissionais licenciados de qualquer área pelo salário de um estagiário, obrigam-nos a cumprir horários extras sem lhes pagar nem mais um cêntimo, obrigam-nos a usar fatos específicos, dão-lhes linhas de conduta, alguns são mesmo obrigados a ir à missa...tudo como se de escravos se tratassem e seis meses depois fazem um rodízio desses trabalhadores. Se por acaso a coisa ao fim de meia dúzia de anos estiver a correr melhor noutra qualquer parte do globo, pegam na marca e viram as costas sem dizer tchau! Isto não é novo, as multinacionais não tem pátria, não tem alma só obedecem ao l...

Estao a mudar a terminologia das coisas.

 E stao a mudar a terminologia das coisas. Chamam Hub's aos espaços onde se desenvolvem vários e diversificados projectos culturais. Chamam teatro de comunidade, às criações teatrais realizadas por gente de uma comunidade que tem outras actividades profissionais e que nas suas horas vagas se dedica ao teatro. Chamam orquestras informais, ao encontro ente vários pessoas que aprendem diversos instrumentos, não sendo profissionais da área e que depois apresentam em conjunto criações musicais. Chamam slod food, à arte de saborear um prato típico com tempo e entre horas de conversa Chamam voluntários, aos que desenvolvem trabalho fundamental nas instituições sem remuneração. Chamam insuficiência alimentar, á necessidade que alguns( cada vez mais) tem de se alimentar. Chamam a muitas outras coisas nomes pomposos, inócuos, limpos, descomprometidos e que dão bom ar e sustentam algumas péssimas praticas, ao mesmo tempo que os carimbam com o ar de modernidade e vanguarda. Pois para mim, que...

Igualdade

  A igualdade continua a estar em discussão, a forma como se educam os meninos e as meninas e o léxico usado são factores fundamentais para alterar esta questão. Não discordo. Mas o ser que habita cada um de nós também tem peso nesta equação... O meu pai tem quase 90 anos e a minha mãe sendo um pouco mais nova também já passa dos 80. Quando começaram a viver juntos não era comum as mulheres trabalharem fora de casa, pelo menos não as do seu nível social, só as mulheres ricas e estudadas ou as muito pobres. Mas uma das condições que a minha mãe lhe pôs foi continuar a trabalhar. Ele aceitou na boa, apenas quis que se mudassem para a cidade para ela não ter de andar 7Km a pé de madrugada e outros 7 Km ao anoitecer. E assim aconteceu. Alguns anos mais tarde, já eu tinha nascido, foi convidada a aceitar um cargo de chefia, pensou em não aceitar pois não teria como me ir buscar e levar ao convento, foi o meu pai que a incentivou ceder e propôs que fosse ele a fazer essa tarefa, bem como...

Crimes hedionos

  Este video apareceu aqui uma semana depois do meu pai me contar uma peripécia que a minha mãe havia feito. Desde pequena que vi a minha mãe ajudar amigas que eram maltratadas, vezes sem conta ela saia com o meu pai para ir buscar amigas que se tinham escondido dos maridos. Vezes sem conta a vi curar as feridas que estas transportavam consigo. Muitas vezes os vi ir a tribunal testemunhar contra maridos ou pais violentos. A violência domestica, sem estar na minha casa, sempre esteve perto de mim. Depois durante uns anos deixei de ouvir a minha mãe falar dela. Na semana passada voltou à baila. Há uns meses ela encontrou uma amiga de infância no posto de saúde e a senhora tinha um braço partido, consequência de uma sova que o marido lhe deu. Veio para casa indignada, afinal é gente com 80 anos já deveriam ter juízo. Uns tempos depois, na loja lá do bairro, encontrou o tal marido, de quem também na juventude tinha sido amiga e como ainda estava indignada, deu-lhe um raspanete e d...

amigos de todos os cantos

  Há uns anos atrás, alguém me disse "a troika só cá esta por causa dos teus amigos do PSD"! Há dois anos por causa de um concurso que correu mal uma amiga disse-me "A culpa é dos teus amigos do PC"! Há uns meses atrás num jantar um amigo disse-me "Isto esta assim por causa dos teus amigos do PS" E ai há uns dias outro amigo disse-me " as coisas complicam-se por causa dos teus amigos do Bloco" Hoje, mandaram-me uma mensagem a dizer " a culpa é dos teus amigos jornalistas"! Fiquei a pensar nisto e cheguei a duas conclusões: 1ª Eu só tenho amigos que fazem coisas, sim porque só quem faz coisas tem culpa no que quer que seja! 2º Eu sou uma gaja de sorte tenho amigos em todo o lado (ate agora só me falta o CDS, vou ver o que dá para fazer!) Fiquei feliz...se a minha acusação for de me dar com pessoas independentemente da sua cor politica ou actividade profissional venha ela, não estou nem ai!

Grandes Fortunas

  Diz que vai haver uma reunião para discutir as grandes fortunas...grandes é favor 1% detém a fortuna do mundo. Taxar estas grandes fortunas é um slogan que se escuta muito, mas que ate hoje ninguém se atreveu a fazer, e não acredito que seja desta . Mas eu acho que tem de ser feito mais que isto...é que as grandes fortunas não se fizeram porque aqueles 62 empresários são os mais inteligentes do mundo, não! Estas fortunas foram feitas porque eles se apropriaram das matérias primas essenciais a preços irrisórios! Porque eles as transformam sem pagar impostos e com mãos de obra à qual pagam miseravelmente! Porque eles detém bens que vendem caríssimos e que deveriam ser de todos! Porque eles estão por detrás dos negócios ilegais que levam desgraçados para a cadeia! Porque eles são os donos escondidos de negócios de escravatura! E por ai vai... Estas 62 fortunas não são fruto de negócios todos sérios e pagos justamente, são frutos de especulação e exploração! Por isso eu, peço não só ...

Vale tudo

  Vamos lá clarificar umas coisas...Jerónimo de Sousa é um homem pelo qual tenho um profundo respeito e que considero de grande integridade, alias a resposta que deu a Ana Leal comprova exactamente isso, e portanto embora não ponha a mão no fogo por ninguém não coloco sequer a possibilidade de ter influenciado o concurso onde aparece o genro. Quanto à câmara de Loures os números provam que com este ajuste ela conseguiu poupar dinheiro dos contribuintes, exactamente o que se pede aos gestores dos dinheiros públicos. Também não tenho duvidas de que a empresa que ganhou podia concorrer a um ajusto directo e que esta forma de contratar esta dentro da lei, dantes era por carta fechada agora por ajuste simplificado, directo ou por concurso depende do valor, se esta mal mudem-na, eu cá não acho que resolva a questão da corrupção, mas é assim que funciona, para este senhor tal como para mim. Porem também não será surpresa para ninguém que neste ano de eleições as câmaras do PC e os eleitos...

doença mental

  A minha avó paterna sofreu durante anos de uma doença mental, há época não havia grande tratamento. Eu era pequena e foi muito dificil conviver com uma avó que se comportava como criança, que não conseguia falar,que nos batia porque não a deixávamos brincar com as nossas coisas e que estava sempre a fazer disparates. Porem sempre foi mantida na casa dos filhos e, pelo menos na minha casa ai de nós se a tratássemos de forma rude, o meu pai, um ser tranquilo, virava bicho! A mãe nao tinha culpa de estar doente e por isso tudo o que fizesse era aceite! Ela ia connosco para todo o lado e cabia-nos a nós resolver qualquer dano que ela causasse! e mesmo ela não percebendo nada do que se passava à sua volta, todos os dias tínhamos de a beijar ao levantar e ao deitar e fazer-lhe festas, uma coisa de que ela gostava! Hoje....Porque Janeiro é o mês da consciência sobre as doenças mentais, cuja representação se reparte entre o estigma, a discriminação, o medo, a vergonha e a ignorância, par...

Historia de Natal

  Hoje quero partilhar convosco uma historia de um dos meus natais, usando-a como um alerta para os pais que tem pouco tempo para os filhos e que por esse motivo os enchem de presentes nas épocas festivas. Não resulta, acreditem! ainda hoje a sociedade é feroz com as mães de carreira, ainda hoje os problemas de consciência que lhe impingem são um fardo enorme, como se decidir ter uma carreira que deixa pouco tempo para a maternidade fosse um crime. agora imaginem o que seria há 54 anos, na época era crime de lesa pátria. Onde já se viu, deixar de ter tempo para cuidar da família? Onde já se viu deixar a filha ao cuidado do pai e ir em viagem de serviço? Onde já se viu sair de casa com ela a dormir e voltar já com ela deitada? Essa foi a vida que a minha mãe escolheu, que o meu pai apoiou e que eu vivi. apesar de ter sido uma escolha aceite pelo trio em questão, o facto é que social e familiarmente não foi bem visto, apesar de dizer que isso não a afetava, facto é que a minha mãe ca...

Medo nas redaçoes

  Hoje li uma noticia sobre o congresso dos jornalistas que decorreu no passado fim-de-semana e tinha como titulo "Hoje há medo nas redacções, alguém duvida?" Não, não duvido a politica do medo começou a ser praticada na comunicação social na segunda metade da década de 90. Mais ou menos na mesma altura em que o grande capital começou a adquirir os grupos de C. Social. Chamei à atenção sobre isto vezes sem conta, mas não me ligaram. Era doida! Pois é afinal não era! E ai esta a prova. Havia diferença na forma e no conteúdo, mas muitos já se acovardavam e faziam noticias a pedido. Porem os que não se dobravam, por serem novos, inconscientes ou ainda terem respeito pela profissão e pela liberdade não cumpriam as ordens. Aos poucos os meios de comunicação foram-se vendo livres dos desalinhados e contratando miúdos acabadinhos de sair das Universidades, cheios de empáfia pelos canudos que a maioria no terreno não tinha. Foram-lhes dando protagonismo, cargos de chefia e eles, nunc...