Historias da Gente

  A proximidade das férias de Natal, trouxe-me à memória as minhas férias de adolescente. Vivíamos à espera das férias, numas porque íamos rumo aos festivais, outras porque íamos acampar, as de Natal, bom...as nossas férias de Natal, talvez devido ao frio e à chuva, ou, porque os pais não nos permitiam ir para longe, eram passadas de festa em festa, fazíamos encontros nas garagens deste e daquele, trocávamos presentes, escutávamos música. Havia as mais famosas, as mais concorridas, as mais pequenas e as mais seletivas. As do Palácio do Vimioso, na época ainda propriedade privada e não da Universidade, era das mais seletivas. Era preciso, termos convite e estes eram poucos, comparado com as outras. Mas eram tarde memoráveis. A Garagem, transformada em salão de festas, tinha colunas de som, luzes de discoteca, cadeirões e mesinhas de apoio, uma pista de dança, onde no centro por cima estava instalada uma bola de espelhos, novidade na altura. Tínhamos 3 festas na semana do Natal, 3 na...

  vou contar-vos uma história já com alguns anos. Quando o café do Martinho, na esquina da rua da lagoa com o jardim das canas existia, costumava lá ir beber café e de vez em quando, estacionava a Diane, logo depois do café num recanto que o prédio faz. Era proibido, pois claro, mas tinha lugar para 3 carros e alguns de nós, eu incluída, cometíamos esse pecado. Um dia, ao voltar para o carro, estava a policia a multar-me. Tinham passado poucos minutos de ali ter estacionado, tentei contrapor, o agente não quis saber do tempo, era proibido logo multa. Atras de mim chegou o condutor do veiculo do lado, olhei instantaneamente para ver se tinha multa. Tinha! O condutor, dirigiu-se a mim dizendo " raios, não perdoam uma, hoje foi dia de multar quem trabalha no governo civil", o agente sorriu e respondeu "sr. Governador, estão mal estacionados". O agente virou-nos as costas e eu e Mira Branquinho, retiramos do vidro as multas e numa breve conversa comprometemo-nos a não v...

  Não tem acertado sempre, mas ninguém acertaria, esta é uma situação onde as certezas não existem e onde o mundo anda a´ nora. Seja como for, a sua serenidade, calma e coragem para dar a cara, fazem-me gostar dela. Sei também que se não fosse ela, a sua garra, determinação e confiança no SNS, neste momento os privados estavam a ganhar milhões a´ conta da pandemia. Facto que ficou confirmado com a ida ao 1º Ministro de um grupo de ex- ministros da saúde com esse intuito. Mas ela tem feito finca pé no governo, ate lhe chamam "a ministra esquerdalha" Ontem, chorou em público, mostrou que ser ministro também é ser humano, subiu um pouco mais na minha consideração, não por chorar propriamente, mas por mostrar que não tem medo de o fazer. Na entrevista da noite o candidato a´ presidência Marcelo, ofendeu-a, disse que ela o tinha enganado com a vacina da gripe. Uma vergonha para o presidente Marcelo, que sabe tal como eu, que o problema com a vacina foi a sua procura desenfreada...

  A minha mãe tinha uma compulsão com as compras, toda a família a chateava porque comprava demais, esta altura do ano era por isso fabulosa para ela, era época de compras, ninguem estranhava e ela podia comprar tudo e mais um par de botas. Uma das tarefas desta época era ir a Lisboa comprar fatinhos novos para o Natal e para a passagem de ano. O que deixava o meu pai profundamente aborrecido, "mulher para que compras tu roupa nova para o Natal se passamos a noite à lareira, fica tudo a cheirar a lume e só nós é que nos vemos. compra só roupa nova para a passagem de ano". que não, era o que faltava e lá íamos nós para casa dos meus avós, passar a noite com eles, ao lume mas vestidinhos de grave. Agora, ha quem faça o mesmo, a diferença é que já não ha lume de chão, o telemóvel não tem cheiro, mas a parvoíce é a mesma.

  Hoje foi dia de greve, como vos disse eu fiz greve, sei que o governo e a associação dos patroes não tem esse numero, os "pequenos patrões" nao contam para eles, mas nós somos muitos e muitos de nós hoje não trabalhamos. Outros, pequenos como eu, abriram as lojas, sao os proprios que lá trabalham, alguns abriram porque as contas e impostos não permitiram fechar, outros por tonteria, acham que sao "patrões à séria" e não querem estar nas mesmas lutas que os trabalhadores por conta de outro, esses sao os iludidos e sao muitos, desses é que fala o governo, mas estes tambem não contam, eles não se despedem, não baixam os seus salarios, tem outras dinamicas diferentes dos "patrões" à seria. E nesses grandes estao os tais 5% que hoje viram muitos trabalhadores fazer greve. E deixem que vos diga, portugal tem um tecido empresarial formado na grande maioria pelos pequenos patroes, grandes empresas, grandes patrões sao pouco mais de 1000 empresas, menos de 1% do ...

  Em todas as terras há códigos específicos de afirmação, é assim, não se sabe como começou ou quem mas mantém-se com ligeiras alterações. Sempre que morre um parente na terra da minha mãe é ponto assente que os herdeiros vão ter de lidar com mais uma quantidade incrível de loiça de barro, alumínio, cobre e porcelana...Ja são centenas as que nos caíram no colo...o porquê é simples...fazia parte do estatuto! Durante dezenas de anos as Feiras de Redondo e de S. João eram os pontos de referencia da zona. todos tinham que ir a estas duas feiras, fazia parte da tradição, assim como no Baixo Alentejo ir à Fera de Castro. Nestas feiras se mostrava o poder da família, mostravam-se as melhores roupas e pelo tempo que lá se passava o dinheiro que se tinha, se se almoçava e jantava na feira ai o dinheiro era mesmo muito. Mas havia também outra demonstração de poder económico e social, a quantidade de barro e cobre que se comprava ( depois passou a alumínio e cobre e por fim porcelana e cob...