ostentação-2016

 Em todas as terras há códigos específicos de afirmação, é assim, não se sabe como começou ou quem mas mantém-se com ligeiras alterações. Sempre que morre um parente na terra da minha mãe é ponto assente que os herdeiros vão ter de lidar com mais uma quantidade incrível de loiça de barro, alumínio, cobre e porcelana...Ja são centenas as que nos caíram no colo...o porquê é simples...fazia parte do estatuto!

Durante dezenas de anos as Feiras de Redondo e de S. João eram os pontos de referencia da zona. todos tinham que ir a estas duas feiras, fazia parte da tradição, assim como no Baixo Alentejo ir à Fera de Castro.

Nestas feiras se mostrava o poder da família, mostravam-se as melhores roupas e pelo tempo que lá se passava o dinheiro que se tinha, se se almoçava e jantava na feira ai o dinheiro era mesmo muito.

Mas havia também outra demonstração de poder económico e social, a quantidade de barro e cobre que se comprava ( depois passou a alumínio e cobre e por fim porcelana e cobre). Ora na família da minha mãe a malta era dada à ostentação pelo que fazia parte comprar tudo em quantidades disparatadas, o meu avô chegou a comprar todo o recheio de uma barraca de barro, que depois foi carregada por burros até à herdade na Serra D'Ossa. Não deixou margem para duvidas sobre o seu poder económico, o busílis é que com tanta traquitana comprada estas chegaram ate aos nossos dias e não havendo já serventia para a coisa e claro sem lhes dar uso, só nos atrapalham.

Hoje a forma de afirmação da zona continua a ser semelhante a diferença é que trocaram a feira de Redondo e de S. João, por Badajoz e Lisboa, mas a quantidade de tralha e vezes que ai se deslocam, continua a demonstrar o poder económico de cada família. Outras terras tinham outras formas de afirmação, mas todas tinham as suas, se as conhecermos percebemos melhor o comportamento dos que agora as habitam.