Postagens

Mostrando postagens de junho, 2020
Hoje foi um grande dia para a cidade e para as suas gentes! Não por ser S. Pedro e muito menos por eu fazer anos... Foi um grande dia porque a cidade e as gentes que a construiriam ( e constroem) estiveram em 1º plano e isso meus senhores é algo que não se consegue porque se quer, consegue-se porque se faz por isso e faz-se por amor! Hoje a cidade homenageou um dos seus maiores, um dos seus melhores! Joao Bilou, o homem do teatro, do associativismo, da cultura, da cidade, das  zonas rurais, da câmara, dos consensos, das igualdades, do trabalho colectivo, do afecto e da amizade, recebeu merecidamente a medalha de mérito da cidade...e como ele a merece! O João que conheço há muitos anos da Joaquim António d' Aguiar, com o qual depois trabalhei muitas vezes e com o quem passei muitas horas a falar sobre as coisas do mundo, é das poucas pessoas que conheço que sempre foi elegante, coerente, simpático e afável no trato. João Bilou, dedicou-se a esta cidade, as suas gentes e à cultura co...
A Évora da minha adolescência era uma cidade ainda mais conservadora do que é hoje. Não eram muitas as meninas da minha idade que frequentavam os bares ou os cafés. Ao cinema iam acompanhadas das mães. Frequentavam as pastelarias ou salões de chã e nunca frequentavam o Café Portugal ( isso era só para adolescentes malucas ou drogadas). A noite era-lhes vedada a não ser a ida ao baile acompanhadas devidamente. As amizades com os rapazes só na escola ou numa ou outra festa de  domingo há tarde. Por isso durante o dia desforravam-se e faziam coisas que jamais passariam pelas cabeças dos seus progenitores. A feira de S. João era por isso um espaço onde se esbaldavam. Passavam as tardes nas pistas e nos carroceis, provavam bebidas alcoólicas e flertavam com os rapazes da feira. Eles davam-lhes senhas e fichas e elas davam-lhes conversa. Para quem estava preso o ano inteiro aqueles momentos de liberdade eram o paraíso. Pouco habituadas a estas relações entre géneros era comum caírem dire...
Faltam poucos dias para o inicio da Feira de S. João. A feira é uma marca da cidade, da região e é também uma marca na minha vida. Nasci no dia de S. Pedro apesar disso não estar previsto, segundo a minha mãe eu queria ir à inauguração do Monte Alentejano, lugar pelo qual o meu pai me trocou nesse meu primeiro dia no mundo! Um ano depois na noite de S. João, foi na feira e numa tentativa frustrada de chegar ao carrinho do algodão doce que comecei a andar. Três anos após ent rei num carrossel e estive tanto tempo a pedalar numa bicicleta que à saída os calções se tinham transformado numa saia ja que as costuras do meio se tinham esfrangalhado para grande desespero da família que me acompanhava. Durante anos as minhas tardes e noites de adolescente foram passadas a andar de carrossel e carrinhos de choque. A feira é por isso uma marca na minha vida. Ja nao a espero com a mesma expectativa, ja não vou ao poço da morte, porque ja não existe. Ja não tiro a sorte na bruxa, mas ainda como a f...
Vai começar mais uma Feira de S. João. A feira faz parte da minha vida desde sempre, talvez porque nasci no dia da cidade no ano da inauguração do Monte Alentejano. Nesse dia, enquanto a minha mãe estava no hospital o meu pai levava a mãe dele à inauguração do Monte, integrado na grande exposição do mundo português, tema escolhido nesse ano para a grande Feira da Região. Um ano depois, foi na feira em fuga para os carroceis que comecei a andar. Parece que foi o 1º grande sus to que dei à minha mãe e no ano seguinte montei-me numa bicicleta do carrossel com uns calções e só sai de lá quando as costuras abriram e eles se transformaram numa saia, andei horas naquele carrossel. Mais tarde, a feira seria ponto de paragem obrigatória quando saia da escola do Rossio, ali aos 7 anos fiz amizade com Cora, um filhote de urso a quem dava maçãs à mão e com quem rebolava, até ficar com as calças rasgadas, isto até Cora ser presa numa jaula pois já era uma fêmea adulta e não ficava atada ao poste da...
Quando estava gravida de mim,a minha mae escolheu uma das suas amigas para ser minha madrinha, nao era comum, comum era ser alguém da família, mas ela nao era uma mulher comum e estava decidida a deixar como minha guardia~alguém de quem gostava, caso algo lhe acontecesse. Porem a vida nao quis e uma semana antes de eu nascer, vai fazer 54 anos, a Maria Jacinta deu entrada no Julio de Matos. Passou-se, depois de anos de violência domestica uma noite tentou matar o marido. Segundo ela "estava um monstro la´em casa" e estava. Estava o monstro que lhe batia, que a colocava com os filhos amarada debaixo do tanque em dias de chuva, que a prendia a uma cadeira e a deixava tardes inteiras debaixo dos 40 graus do verao alentejano. Depois de anos de sofrimento, ela passou-se e tentou mata-lo com a espingarda com que ele a ameaçava muitas vezes. Como seu dono,mandou encarcera-la no Júlio de Matos naquele mês de Junho de 66, impossibilitando-a a que fosse minha madrinha oficial. Esteve ...